Resenha da 301 ADM Resenha da 301 ADM | Page 27

B I A N C A J U L I A G R A L A J U L I E Ú R S U L A Resenha da obra "Úrsula" Título do livro: Úrsula e outras obras; Editora: Edições Câmara; Número de Páginas: 301 páginas (livro completo); 139 páginas (somente Úrsula); Autor (a): Maria Firmino dos Reis; OBS: O livro foi publicado em 1859, porém a edição a ser resenhada foi publicada em 2018; ÚRSULA Tancredo é um jovem de uma família rica e poderosa da capital. Seu pai é autoritário e arrogante, atormenta a esposa ao ponto de fazê-la cair na cama doente. Após terminar seus estudos em Direito, Tancredo retorna para casa e conhece Adelaide, uma jovem órfã que a sua mãe recolheu como protegida. O moço se apaixona por ela, mas o pai não aprova o relacionamento devido à falta de posses da órfã. Após uma série de discussões, o pai aceita o noivado de Adelaide e de Tancredo, desde que o jovem parta em uma viagem de um ano para resolver uma missão quanto aos negócios da família; quando retornasse, poderia se casar com Adelaide. O jovem aceita a proposta e vai embora resoluto. Com o passar do tempo, distante de casa, Tancredo recebe a notícia que sua mãe havia falecido, e decide deslocar-se para reencontrar sua família e sua mãe, já morta. Ao chegar em casa, Tancredo encontra Adelaide casada com o seu próprio pai. Destruído emocionalmente, vai embora e desmaia no caminho - em um lugar afastado, no meio do mato - onde é socorrido por Túlio, um escravo de Luíza B.; senhora dona de uma pequena fazenda próxima e mãe de uma jovem chamada Úrsula. Úrsula e Túlio socorrem Tancredo e, com a convivência com a moça, o jovem se apaixona. Tancredo promete ajudar Luíza com a fazenda e, com isto, propõe matrimônio a Úrsula. Em contrapartida, quando Tancredo parte para uma viagem, o Comendador se depara com Úrsula e se apaixona pela jovem moça, e a promete como esposa; mesmo com Úrsula negando a vontade. Tancredo e Túlio sabendo destas informações, traçam um plano de fuga, com o auxílio de mãe Susana, para que ambos possam fugir da fúria de Fernando P., o comendador. Em análise, a obra trata fortemente as questões relacionadas à escravidão, entretanto, é possível citar que Firmina além de escrever sobre este período, dá a oportunidade de seus personagens contarem para o leitor, através de suas próprias falas, a sua história. Ou seja, a fala não se encontra em um homem branco, também concentra-se nos escravos e nas escravas. Com isto, a obra nos revela uma percepção de que, na visão da autora, a escravidão possui traços muito cruéis ao ponto de ser algo não-divino e indigno, porém, natural para a época - por tratar-se de um período no qual havia escravidão no Brasil. Além das diversas visões, a autora realiza descrições intensas, o que é um traço muito forte do romantismo, e também possui um vasto vocabulário no qual, inclusive, tanto o negro quanto o branco possuem uma mesma formalidade e grau oral, ou seja, não há distinção na linguagem de ambos. A obra é constituída por uma estrutura contínua, linear e cronológica, porém, no decorrer do enredo, ocorrem flashbacks que auxiliam o leitor para o entendimento da história. Edição 1 - 2019 - Úrsula e outras obras