O enredo da obra trata inicialmente o tema com uma descrição intensa - o que pode desestimular o leitor
a ler por ser um pouco cansativo. Entretanto, não tarda muito para que os conflitos se apresentem e, com o
decorrer da história, o leitor comece a se envolver mais na trama até chegar o clímax, no qual os conflitos se
encontram e indicam o possível desfecho da obra. Quanto trata-se desta transição, há muitos diálogos, o que
faz com que o leitor se envolva mais ainda na história. Em relação ao desfecho, como um traço do
Romantismo, ele é diferenciado. O final “infeliz” de Úrsula é muito interessante pois, nas obras românticas,
podemos ver que são extremamente valorizados dois estados: o casamento e a gravidez; filhos. Logo, Úrsula
morre de desgosto - o que salienta a extrema valorização patriarcal. A obra é enriquecedora, principalmente por
estar relacionada com fatos históricos e contexto importantes, instigando a curiosidade do leitor.
Com isto, afirmamos que “Úrsula” é recomendável para leitura, pois além de enriquecer o conhecimento
da nossa história, auxilia na compreensão da visão que o próprio negro (a) - escravo (a) tinha de seu estado e
posição diante de uma sociedade escravocrata. Obra maravilhosa e recomendada. Maria Firmina dos Reis
nasceu na cidade de São Luís, atual capital do estado do Maranhão em meados do século 19. É importante
ressaltar que a obra “Úrsula” foi publicada em 1859, quando ainda existia a escravidão no Brasil, que só deixou
de existir, legalmente, em 1888. Ao publicar a obra, a autora assina não com o seu nome, mas com o
pseudônimo “uma maranhense”. Além de Firmina ser mulher, era negra - com isto, é possível analisar a
existência do preconceito e da discriminação colocada nas personagens negras da obra que, possivelmente, a
autora sofreu também. A obra é narrada em terceira pessoa e é classificada como uma das primeiras obras da
face abolicionista do Romantismo escrita por uma mulher negra.
JUlia JUlie e BIanca GRala
Edição 1 - 2019 - Úrsula e outras obras