Religião e Conhecimento Material da Revista de Religião (3) | Page 34

queira, mas meio que assim você fala “eu sou bruxa” e é uma coisa que cada pessoa entende como quer, tem gente que vai pensar “ah Harry Potter”, tem gente que vai reagir como a minha família materna, tem gente que entende, que se assunta, que tem medo, preconceito. Só que eu acho bem importante a gente se afirmar, pelo menos pra mim, é. Entrevistadora- ​ Mas tu já sofreu algum preconceito ou intolerância por ser bruxa? Luísa- Agora eu não lembro claramente alguma coisa pra te falar, mas é uma coisa bem cotidiana, até na rua as pessoas olham diferente pra nós, mas são as pessoas mais velhas, eu vejo que as pessoas jovens, todo mundo hoje em dia ou quase todo mundo curte, então eu não me lembro agora nada, se rolou também não foi tão significativo. Entrevistadora- ​ Tu falou da tua vivência, e foi uma curiosidade do grupo sobre como se dá a prática da bruxaria, no contexto que estou perguntam se realmente existe e se é usado pra o bem ou para o mal. Luísa- É muito engraçado isso, engraçado não, interessante como é visto, e super existe (risos). Então como eu falei, a bruxaria pra gente é uma coisa da nossa vida cotidiana, a gente faz tudo muito voltado pra terra, pra o dia a dia, ações práticas, pra os resultados concretos das coisas. Então não é usado pra o mal por dois motivos muito grandes, o primeiro é porque a gente não tem tempo pra se preocupar em querer fazer mal pra alguém, a gente foca muito na nossa própria vida, a gente entende que, pra mim pelo menos, ser bruxa é usar o máximo, tipo pra que que eu vou fazer mal pra alguém, eu vou ta desperdiçando minha energia entende. E o outro motivo é que a gente trabalha com terapia, com cura, então a gente só faz bem na verdade, porque isso não é desperdício, e retorna muito. Se vocês faz um trabalho de cura, o tanto de bom que a pessoa recebe, que acontece na vida dela e que ela ganha, volta pra nós de uma maneira muito forte, eu sinto isso pelo menos. Cada cura que a gente faz, cada problema que a gente ajuda uma pessoa resolver, a gente resolve na gente também, tipo todas as consultas eu considero pra mim também, e isso eu aprendi na umbanda, eu trabalho com entidade, e as entidades falaram que tudo que elas tavam falando pra pessoas que estão se consultando, servia pra quem tava ali como cavalo, então eu tirei muito daí, e percebo hoje em dia no meu trabalho. Como é a prática da gente? Temos os nossos altares, a gente tem o altar com os orixás e as entidades, tem tudo que a gente sente, se a gente quer trabalhar pra ter mais amor em casa, colocamos uma flor no altar, sempre com símbolos. A gente tem ali a preta velha daí a gente serve café pra ela todo dia, o Exu que é o chefão, na verdade a chefe agora é a Pomba Gira rainha, que a gente achou que tinha que ser uma energia feminina, daí a gente serve bebida pra eles, a gente