Religião e Conhecimento Material da Revista de Religião (3) | Page 35

tem um potinho com dinheiro que ta sempre girando, tem as questões de proteção, tem uma onça pintada que ta junto com Ogum pra proteção pra luta e pra nossas batalhas diárias, a cigana, iemanjá, que são as que a gente cultua. Aí eu tenho o outro altar da minha cigana, que é um altar inteiro pra ela, que tem todas as coisas dela, e eu vou ali, acendo vela e incenso pra ela, tomo chá, fumo um tabaquinho pra ela, tiro o tarot pensando sobre tudo isso, espirro as bruxarias de abundância também. A mel (minha esposa) faz os produtos, então a gente tem várias ervas, a gente ta sempre trabalhando com isso, a gente toma muito chá, muito banho, damos banhos de ervas na nossa filha quando ela precisa de alguma coisa. Então é assim, quando a Jupíter (minha filha) ta muito estressada ou não ta conseguindo dormir, damos um banho de lavanda nela ou eu tomo o chá de camomila pra passar pelo leite. A gente cria misturas de pomadas e sprays, a Mel que cria, ela tem um altar da cigana dela que é uma Pomba Gira cartomante, na verdade. É isso a gente segue a intuição nesse sentido a gente tira tarot todos os dias, as vezes quando vem assim “ah preciso montar um negócio de cristais aqui” aí vou lá e monto, “vamos acender uma vela aqui pra agradecer ou pedir”, qualquer coisa que venha, a gente vai lá e executa alguma coisa que concretize. Nas consultas, a gente trabalha muito com a conexão com a pessoa que vem, a gente sente a pessoa e fala coisa que a gente intui, que a gente escuta e recebe também. Eu acho que é isso, o principal trabalho é com a gente mesmo, sempre buscando alegria, não ter ligação com coisa que nos fazem mal, ta sempre se limpando, a gente defuma muito a casa, joga coisas do passado que sentimos que ta atrapalhando, a gente escuta os nossos sonhos e conversa sobre eles pra ver o que podemos usar disso, sempre voltado pra objetivos práticos. Todas as artes que gente tem, a maioria é expressão de poder, a gente tem plantas também e trabalhamos com elas. Entrevistadora- ​ Pra finalizar, queria que tu resumisse o que é ser bruxa pra tu, pode ser? Luísa- ​ Ser bruxa é seguir sempre a intuição, a intuição da maneira que ela vem, de todas as formas e ideias pra fazer. Teorias de mundo, escritas e criações artísticas no geral, de como viver o dia a dia, de sonhos, de autoconfiança, de cura. Aprender a ver e a ouvir, conseguir distinguir essas mensagens, começar a saber de onde vem cada coisa e pra onde vão, conseguir mexer nas linhas do mundo, acho que isso é o principal de ser bruxa.