Religião e Conhecimento Material da Revista de Religião (3) | Page 33

Entrevista- ​ Tu falou muito da influência religiosa da tua família na tua vida, queria saber como eles lidam tu se afirmando bruxa? Luísa - ​ Muito boa essa pergunta da família. Assim, meus pais são separados e minha mãe e minha família materna acham que é uma viagem, que é tipo hippie, uma coisa meio: “ah sim, bruxa, todas somos” Às vezes minha mãe vem pedir socorro, “me ajuda que eu sei que tu é bruxa”, mas eu percebo que não é uma coisa que ela sente no coração dela, acho que ele não compreende tanto. Eu já tive oportunidade de conversar com ela sobre isso e já tem um tempo que ela não trabalha muito a espiritualidade dela, nem sua feminilidade, infelizmente. Já tentei ajudar ela, mas não rola muito porque o marido dela é bem ateu, então ela se afastou bastante dessas questões. Já o meu pai é bem kardecista, inclusive visitei-o recentemente e ele chamou para ir no centro espírita kardecista e eu falei que eu não ia porque não era meu jeito. Mas, quando ele me chamou para ir no centro ecumênico, eu super fui e amei. A gente leu o tarot para ele, contamos as coisas para ele. Minha família vem aqui em casa e vê o nosso altar, eles são bem cristãos, mas fazem muitas perguntas, isso é bem legal. Chegamos a falar até do candomblé e tudo, eles não gostam, mas eles entendem e respeitam, eu fico bem agradecida. Entrevistadora- ​ Deu para perceber que tu caminhou por várias religiões, até construir tua perspectiva atual. Durante esse trajeto tu sentiu vergonha, ou teve algum receio em falar que pertencia a alguma religião? E atualmente, tu já deixou de falar que é bruxa? Luísa- E ntão, quando eu era mais nova já tive vergonha de dizer que era espírita, não por espiritismo ser diferente, é que eu achava careta, porque eu tava percebendo que eu não era, essa é a verdade. Depois teve uma coisa que aconteceu quando eu tava na umbanda, com essa mãe de santo que eu falei, a gente foi fazer uma guia do feminino lá na Lagoa do Peri em Floripa e eu levei um pingente de aranha resinada. Era uma aranha de verdade com resina que o menino fez pegando a aranha morta da toca de uma vespa, um negócio todo especial e cuidado, e eu queria botar na minha guia do feminino porque eu acho tudo a ver. E aí ela não deixou e meio que me expôs, começou a dizer “ah só se você não é cristã que pode usar um animal no pescoço”, por isso que eu saí depois, e acabei me interessando mais pelo candomblé. Mas não é que eu senti vergonha, eu fui exposta de um jeito chato eu fiquei braba na real. E depois também quando eu tava envolvida com candomblé, não era vergonha mas tinha uma certo medo de expor publicamente, por causa do preconceito e da situação política que não ta muito propício. Inclusive acho até que a mãe de santo tava falando em fechar o terreiro. Mas de ser bruxa nunca, eu nunca tive problema, nunca tive vergonha. Sempre falei, porque também tem esse lado bom que meio que dá pra disfarçar, não que eu