RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 58
A execução deixou os moradores transtornados e um protesto tomou conta da rua
Visconde de Niterói, onde três veículos foram incendiados. A polícia se preparava para
agir quando o Subsecretário foi até o local em pessoa. Sob uma chuva de pedras, cruzou
a rua e foi conversar com os locais, pedindo calma e se comprometendo a resolver o
problema. Prometeu que a polícia seria retirada do local se os moradores voltassem para
as suas casas. Quando o problema estava praticamente resolvido, um helicóptero da
polícia civil sobrevoou o local mirando suas armas nos manifestantes. Os ânimos se
acirraram novamente, mas Luiz Eduardo contornou o caso mandando a polícia ir
embora. O delgado Adalberto Chagas e mais sete policiais que participaram da
Operação foram afastados e tiveram suas armas apreendidas. O subsecretário também
determinou investigação para saber quem eram os policiais responsáveis pelo sobrevoo
do helicóptero, alegando que os mesmos não tinham permissão para realiza-lo. No dia
seguinte o governador Anthony Garotinho foi até a Mangueira pedir desculpas. Mais
tarde, criticou a ação da polícia em um programa de rádio:
Esses maus policiais não vão conseguir me intimidar. [...] Toda operação
da Polícia Civil tem que ser autorizada por mim, ou pelo Secretário de
Segurança, ou pelo Chefe da Polícia Civil. E na operação da Mangueira
não teve nada disso [O Globo, 16/05/99].
Já para Luiz Eduardo Soares, ao problema da legalidade da operação propriamente dita
se somava o rito autoritário comumente cumprido pelas autoridades policiais em sua