RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 39
Em meio às investigações, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli divulga um laudo
alegando que o trajeto feito por Volmer durante sua fuga era inverossímil. Também
surge uma testemunha que se apresenta alegando ter visto Volmer em um bar no período
do sequestro. A história foi desmentida pelo dono do estabelecimento e por
frequentadores do local. Mais tarde a testemunha alegou que teria se confundido porque
estava bêbada. Duas semanas após divulgação do laudo do ICCE, a sede do Instituto
Brasileiro de Inovação em Saúde Social [IBISS] foi assaltada. À época, o IBISS
Coordenava o projeto Excola, que fazia um trabalho com menores de rua. O Instituto
também era ligado ao Movimento Nacional de Proteção ao Menor, dirigido por Volmer.
No local foi deixado um bilhete, escrito em inglês, onde se lia “Volmer vai sair e a
Excola também”. A organização era dirigida por um holandês. O papel onde a
mensagem foi escrita estava manchado de tinta vermelha, simulando sangue.
Em julho a polícia arquivou o caso de Volmer por falta de provas.
No dia 08 de setembro, Volmer Nascimento foi denunciado pelo Ministério Público por
falsa comunicação de crime. O promotor Antônio José Campos Moreira baseou a
denúncia no relatório elaborado pelo delegado Maurício Cortes. Em depoimento, o
delegado afirmara que Volmer não conseguiu especificar as características do local do
cativeiro, nem dos sequestradores. Volmer, no entanto, nos depoimentos prestados logo
assim que reapareceu, havia mencionado que desconfiava que seu cativeiro fosse em
Santa Teresa, por conta das ladeiras pelas quais o veículo em que foi transportado
passava, e pelo tempo relativamente curto de trajeto entre o local e o centro da cidade,
onde foi sequestrado. Volmer também descreveu o único sequestrador que viu,
chegando a fazer um retrato falado cujas características eram, inclusive, bem
específicas: loiro, com uma cicatriz próxima ao olho esquerdo.
Em tempos recorde, Volmer foi julgado no dia 25 de setembro pelo juiz Eduardo Mayr,
da 33ª Vara Criminal. Quatro dias depois saiu a sentença onde foi condenado a um mês
de prisão.
Volmer alegava que, desde seu reaparecimento, era vítima de um processo difamatório
para mascarar o seu sequestro e, sobretudo, minar a força do seu trabalho junto a
crianças vítimas de grupos de extermínio. Integrantes do Movimento Nacional de
Proteção ao Menor declararam que a condenação de Volmer tinha como objetivo
quebrar sua condição de réu primário. Volmer respondia a dois processo por calúnia e