Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 29
Foi simples assim, rápido assim. Um minuto de-
pois, Rye atirou no homem ferido quando ele se vi-
rou para disparar contra ela.
E Rye ficou sozinha – com três cadáveres.
Ela ajoelhou-se ao lado de Obsidian, o olhar opa-
co, franzindo as sobrancelhas, tentando entender
por que tudo tinha mudado tão depressa. Obsidian
estava morto. Morreu e a deixou, como todas as ou-
tras pessoas.
Duas crianças muito pequenas, um menino e
uma menina de talvez três anos, saíram da casa de
onde o homem e a mulher tinham corrido. De mãos
dadas, eles atravessaram a rua em direção a Rye.
Observaram-na, depois avançaram, passaram por
ela, e foram até a mulher morta. A menina sacudiu
o braço da mulher como se tentasse acordá-la.
Aquilo foi demais. Rye levantou, o estômago re-
torcido de luto e raiva. Se as crianças começassem a
chorar, ela achava que vomitaria.
Estavam por conta própria, aquelas duas crian-
ças. Tinham idade suficiente para catar comida nas
ruas. Ela não precisava de mais sofrimento. Não
precisava de crianças de estranhos que cresceriam
para se tornarem chimpanzés sem pelos.
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