Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 19
Na First Street, ele parou e perguntou outra vez
que caminho seguir. Então, depois de virar à direi-
ta, como ela tinha indicado, parou perto do Music
Center. Lá, tirou do painel uma folha de papel do-
brada e a abriu. Rye identificou que era um mapa,
embora as palavras não significassem nada para
ela. Ele alisou o mapa, pegou a mão de Rye outra
vez e colocou o indicador dela em um ponto. Tocou
nela, tocou nele e apontou para o chão. Para todos
os efeitos: “estamos aqui”. Entendeu que ele queria
saber para onde ela estava indo. Quis contar a ele,
mas balançou a cabeça, triste. Tinha perdido a capa-
cidade de ler e de escrever. Aquela era sua debilida-
de mais grave e mais dolorosa. Ensinara história na
ucla .
Escrevera como freelancer. Agora, não conse-
guia sequer ler os próprios manuscritos. Tinha uma
casa cheia de livros que nunca poderia nem ler nem
se obrigar a usar como combustível. E sua memória
não traria lembranças do que lera antes.
Ela observou o mapa, tentando fazer cálculos.
Nascera em Pasadena e morara em Los Angeles por
quinze anos. Agora, estava perto do Centro Cívico de
LA. Conhecia a posição de uma cidade em relação à
outra, conhecia as ruas, as direções, sabia até como
se manter longe das rodovias, que deviam estar blo-
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