Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 18
colher uma direção. Quando indicou a esquerda e
ele de fato virou à esquerda, ela começou a relaxar.
Se estava disposto a ir aonde ela indicasse, talvez
fosse inofensivo.
Enquanto passavam por quarteirões de prédios
incendiados e abandonados, por terrenos baldios e
carros destroçados ou sucateados, ele tirou uma cor-
rente de ouro por cima da cabeça e entregou-a para
Rye. O pingente preso à corrente era uma pedra lisa,
vítrea e negra. Obsidiana. O nome dele poderia ser
Rock ou Peter ou Black, mas ela decidiu pensar nele
como Obsidian. Até sua memória ocasionalmente
inútil guardaria um nome como Obsidian.
Ela entregou a ele o símbolo do próprio nome:
um broche dourado no formato de uma haste de tri-
go. Ela o tinha comprado muito antes de a doença e
o silêncio começarem. Agora, ela o usava pensando
que provavelmente era o mais próximo que chega-
ria de centeio, Rye. Pessoas como Obsidian, que não
a tinham conhecido antes, provavelmente pensa-
vam nela como trigo. Não que importasse. Ela nun-
ca mais ouviria o próprio nome.
Obsidian estendeu-lhe o broche. Segurou sua
mão quando ela a estendeu para pegá-lo e passou o
polegar pelos calos dela.
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