Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 15
anos mais novo. Não imaginava que pudesse correr
mais rápido do que ele. Nem esperava que alguém a
ajudasse caso precisasse de ajuda. As pessoas à sua
volta eram todas desconhecidas.
Ela fez um único gesto – em nítida indicação para
que o homem parasse. Não tinha a intenção de repe-
ti-lo. Felizmente, o homem obedeceu. Ele fez gestos
obscenos e vários outros homens riram. A perda da
linguagem verbal deu origem a todo um novo con-
junto obscenidades gestuais. Com simplicidade crua,
ele a acusou de fazer sexo com o homem de barba
e sugeriu que ela satisfizesse os outros homens pre-
sentes, a começar por ele mesmo.
Rye o observou, exausta. As pessoas poderiam
muito bem observá-los inertes caso ele tentasse es-
tuprá-la. Também ficariam a observar inertes se ati-
rasse nele. Ele iria tão longe?
Não foi. Depois de uma série de gestos obscenos
que em nada o aproximaram dela, ele se virou com
desdém e foi embora.
E o homem de barba ainda esperava. Ele tirara
seu revólver oficial com coldre e tudo. Acenou de
novo, com as duas mãos vazias. Sem dúvida, a arma
estava no carro, em fácil alcance, mas o fato de tê-
-la tirado a impressionou. Talvez ele não fosse ruim.
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