Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | Page 14
O homem de barba suspirou. Olhou de relance
para o próprio carro e depois acenou para Rye. Es-
tava pronto para partir, mas queria algo dela antes
disso. Não. Não... Queria que ela fosse consigo. Que
arriscasse entrar no carro dele. A despeito do uni-
forme, lei e ordem não eram nada – já não eram
sequer palavras.
Ela balançou a cabeça, uma negativa universal-
mente conhecida, mas o homem continuou chamá-la.
Ela acenou despachando-o. Ele estava fazendo o
que as pessoas menos debilitadas raramente faziam:
atraindo atenção potencialmente negativa para al-
guém do mesmo tipo. As pessoas do ônibus começa-
ram a olhar para ela.
Um dos homens que estivera lutando tocou ou-
tro no braço e depois apontou para o homem de
barba e para Rye; por fim, levantou os dois primei-
ros dedos da mão direita como se fizesse dois ter-
ços da saudação escoteira. O gesto foi muito rápido,
com um significado óbvio até de longe. Ela tinha
sido agrupada com o homem de barba. E agora?
O homem que fez o gesto foi em direção a ela.
Ela não fazia ideia da intenção dele, mas perma-
neceu onde estava. O homem era uns quinze cen-
tímetros mais alto do que ela e possivelmente dez
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