Projeto Cápsula Sons da fala | Octavia E. Butler | 页面 13

veículo por um minuto, claramente pretendendo en- trar, mas o gás ainda estava muito forte. Das janelas, apenas a do motorista, minúscula, estava aberta. A porta dianteira também estava, mas a traseira não permanecia aberta a menos que alguém a segurasse. O ar condicionado obviamente havia parado de fun- cionar há muito tempo. O ônibus levaria algum tem- po para ficar salubre. Era propriedade do motorista, seu ganha-pão. Ele tinha colado imagens de revistas velhas dos itens que aceitava como pagamento da passagem nas laterais. Depois, usava o que recebes- se para alimentar sua família ou para permutas. Se o ônibus não circulasse, ele não comeria. Por outro lado, se o interior do ônibus fosse destroçado por uma briga sem sentido, ele também não comeria muito bem. Aparentemente, era incapaz de perceber isso. A única coisa que conseguia entender era que levaria algum tempo para poder usar o ônibus ou- tra vez. Agitava os punhos em direção ao homem de barba e gritava. Parecia haver palavras em seu grito, mas Rye não conseguia compreendê-las. E não sabia se a culpa era dele ou dela. Nos últimos três anos, ela tinha ouvido tão poucas falas humanas coeren- tes que não estava mais certa de reconhecê-las, não estava mais certa do grau de sua própria debilidade. 8