paredes repletas de mãos incorpóreas e tateantes . Assumindo a forma onírica habitual , Ehiru passou flutuando pelas mãos e ignorou suas silenciosas , cegas e arranhadoras necessidades enquanto procurava .
Ali no fundo do poço de mãos , chorando devido ao medo e à impotência , estava ajoelhada a manifestação do bromarteano de nome infeliz . Charleron estremecia entre soluços , tentando sem sucesso se afastar das próprias criações enquanto as mãos o puxavam repetidas vezes . Elas não o machucavam e eram pouco assustadoras para qualquer sonhador com treinamento adequado , entretanto , Ehiru julgava aquela como a bílis dos sonhos : preta e amarga , necessária para a saúde , mas desagradável para os sentidos . Ele absorveu tanto quanto pôde para os Compartilhadores , pois havia muito em que usar a bílis onírica , mesmo que Charleron não concordasse . Mas reservou espaço dentro de si para o humor mais importante , que era , afinal , o motivo de ele estar ali .
E como sempre faziam , como a Deusa ordenara que fizessem , o portador do cordão de Hananja alçou o olhar e viu Ehiru em sua forma verdadeira e inalterada .
— Quem é você ? — perguntou o homem de Bromarte , momentaneamente distraído do que o aterrorizava . Uma mão pegou seu ombro e ele ofegou , afastando-se .
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