Dentro da casa , a cozinha estava na penumbra , assim como o refeitório logo adiante . Ehiru passou pela mesa , que tinha como assento almofadas no chão , e pelo jardim do átrio , diminuindo o ritmo ao desviar de folhas de palmeiras e samambaias penduradas . Depois do jardim , ficavam os dormitórios . Naquele ponto , esgueirou-se ainda mais sorrateiro , pois , mesmo tão tarde , talvez houvesse hóspedes acordados , mas todos os lampiões dos quartos continuavam apagados e ele ouvia apenas a respiração lenta e regular que vinha de cada entrada fechada por cortinas . Ótimo .
Ao subir os degraus da torre , Ehiru ouviu os roncos irrequietos do comerciante mesmo através da pesada porta de madeira do dormitório . Abri-la sem que as dobradiças rangessem deu um pouco de trabalho , mas ele conseguiu enquanto maldizia o costume estrangeiro de colocar portas nos cômodos interiores . Dentro do quarto , os roncos do comerciante ressoavam tão alto que as cortinas de tecido fino estremeciam com a vibração . Não era de se admirar que o proprietário houvesse lhe oferecido a torre e , era provável , dado um desconto no quarto . No entanto , Ehiru era cauteloso : esperou um ronco especialmente forte antes de abrir a cortina e olhar a próxima demanda .
13 / 28