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se diferencia radicalmente de tudo aquilo que é parcial e limitado. A
última palavra do pensamento pré-cristão foi justamente a doutrina
sobre a divindade, sobre aquele ser sagrado e inefável que se encontra
para além do mundo físico e que, não importa como o chamem, Céu,
Pai ou Destino, não pode ser conhecido em toda a sua profundidade
por nenhum mortal. Esta idéia não emanava apenas da experiência
dos místicos, mas possuía também um fundamento lógico. Na realidade, que inteligência finita estaria em condição de compreender o
que de per si é infinito?
Apesar de nossa incapacidade de dominar o mistério, este
anseio arcano pelo alto jamais se apagou no coração do homem.
Ele sempre buscou superar a distância que o separa do céu, unir a
sua vida com o “outro” mundo. Como conseqüência de tal contradição, continuaram a coexistir na humanidade duas fés, opostas,
mas estreitamente ligadas uma à outra: a fé no Inefável e a fé nas
divindades naturais. Estas últimas pareciam mais próximas ao homem, já que era possível estabelecer com elas uma relação direta.
Acreditava-se na existência de instrumentos mágicos por meio dos
quais o homem poderia ter influência sobre os demônios e sobre os
espíritos, uma visão utilitarista da religião que certamente predominou durante milhares de anos. O politeísmo e a magia procuravam
assim colmar o vazio que separava a terra do céu.
Foi a revelação bíblica que primeiro superou esta contradição. Com efeito, a Bíblia fala de um Deus santo, isto é, infinitamente superior à criação e, ao mesmo tempo, fala de um homem
imagem e semelhança desse Deus. Tal parentesco misterioso
entre o Espírito infinito e um espírito finito possibilita, segundo
a Bíblia, um pacto, uma aliança entre eles.
A Aliança, portanto, é o elo de ligação do homem não com
os deuses, mas com a própria Origem transcendente que existe
acima do cosmo.
Fato interessante é a religião da Aliança ter sido professada
por um povo que não dera origem a uma civilização marcante,
não se distinguia especialmente no panorama político da Antiguidade e só gozou da independência nacional por um período
muito breve. Este povo, porém, soube conservar a fidelidade ao
seu Deus através dos longos séculos de sua difícil história.
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