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Desde tempos imemoriais, os antepassados de Israel vaguearam entre a Síria e o Egito. A tradição guardou na memória o pai dos hebreus, Abraão (que viveu por volta do século XIX a.C.), a quem é ligado o início da religião da Antiga Aliança. O primeiro mandamento desta religião apontava a importância das ações humanas diante do semblante de Deus: «Eu sou Deus, o Onipotente; anda na minha presença e sê perfeito». Deus prometeu a Abraão que através de sua descendência seriam «abençoadas todas as tribos e os povos da Terra», mesmo tendo continuado para ele um mistério o sentido desta bênção (cf. Gn 17,1; 12,3). No século XVII a.C., os hebreus, famintos, transferiram-se para a parte oriental do delta do Nilo, onde lentamente e cada vez mais foram sendo subjugados pelo poder despótico dos faraós. A fé do patriarca Abraão já estava quase esquecida. Por volta do ano 1230 a.C., um grupo de tribos hebréias que recebeu o nome de “filhos de Israel”, ou mais simplesmente Israel, uniu-se sob o comando de Moisés, seu grande profeta e legislador. Ele reconduziu o povo ao “Deus dos pais”, o “Deus de Abraão, Isaac e Jacó”, salvando-o da escravidão. Em memória da saída, êxodo, da escravidão, isto é, desta libertação operada por Moisés, foi estabelecida a festa da Páscoa. Os israelitas esconderam-se no deserto do Sinai e, durante certo período, viveram nos arredores do monte santo do Sinai e do oásis de Cades, onde o profeta proclamou solenemente as verdades básicas da religião da Aliança. Moisés ordenou ao povo que adorasse um só Deus, Senhor e Criador do mundo, chamado JHWH; em grego, “Aquele que é”, “Aquele que possui a essência porque existe antes de todo o mundo sensível”2. O profeta proibiu que adorassem as forças da natureza e construíssem qualquer imagem do próprio JHWH. O único sinal de sua presença entre aqueles que nele acreditavam era uma arca — um grande cofre com efígies de seres alados, os 2) A partir do séc. IV a.C., por respeito ao nome de Deus, foi proibido (exceções devidas à parte) pronunciar a palavra Iahweh. Para designar o nome de Deus, usava-se no discurso oral o substantivo Adonai, o Senhor. Nos textos escritos, relembrando ao leitor a proibição, anotavam-se as vogais da palavra Adonai sob as letras do nome de JHWH. Daqui deriva o nome alterado de “Jeová”, que ficou em uso na biblística por certo tempo. 24