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e, portanto, passíveis de serem analisados e estudados como qualquer obra do passado. Surgiram ou passaram a ser utilizados métodos de pesquisa literária que permitiram detectar a existência de tradições orais ou escritas anteriores aos atuais Evangelhos, inclusive ao de Marcos, e que constituíram suas fontes. Constatou-se que os Evangelhos não foram escritos de uma só vez, mas resultaram de um longo processo literário que durou cerca de quarenta anos. Os evangelistas trabalharam em cima de tradições que já circulavam nas comunidades cristãs, utilizaram-se de fontes escritas e orais. Eles reuniram de modo original um material preexistente, como aliás advertiu Lucas no prólogo da sua obra. Verificou-se que o Evangelho mais antigo é o de Marcos (escrito por volta dos anos 60-70) e que os de Mateus e Lucas foram publicados cerca de vinte ou trinta anos depois. A pesquisa revelou também que as tradições mais primitivas sobre Jesus, contidas nos atuais Evangelhos (como, por exemplo, o relato da Paixão, em Marcos), já são uma interpretação feita à luz da fé da Igreja; tratam-se, portanto, de documentos teológicos e não de documentos neutros, crônicas sobre Jesus. Os estudiosos começaram, assim, a distinguir e a evidenciar uma característica essencial dos Evangelhos. Em todas as suas partes, eles não são e não querem ser uma reportagem, um relato preciso dos fatos. Mas são sempre, e sobretudo, um testemunho de fé, ou melhor, são a interpretação cristã dos fatos e do ensinamento de Jesus, à luz da fé pós-pascal. 8