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um itinerário para o diálogo
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chamado pelo snc a encontrar delegações da Arábia Saudita, do
Irã e da Indonésia em visita a Roma. Enfim, em 1978, fui convidado para uma reunião da Conferência das Igrejas Européias
Cristãs (Konferenz Europäischer Kirchen), (kek) em Salzburgo,
na Áustria, para refletir sobre o tema “Relações entre Cristãos
e Muçulmanos na Europa”.
— Qual foi a sua missão depois da direção do Pisai?
Em 1978, desejei ir para um país árabe, em particular Iêmen,
porque minha intenção era praticar a língua árabe que eu tinha
ensinado no Pisai. Meus superiores preferiram enviar-me ao
Sudão, onde fiquei dois anos. Juntei-me a dois confrades numa
paróquia da cidadezinha de Halfa Jadida que depende da diocese
de Cartum, a capital, a seiscentos quilômetros de distância. Nossa
tarefa consistia em atender aos cristãos. Esses eram normalmente
desprezados e sofriam discriminações. Na maior parte originários
do sul, esses católicos vinham procurar trabalho no norte. Provinham de religiões tradicionais africanas e pertenciam a diferentes
etnias – Dinka, Nuer, Shilluk, Zandé – e outras, possuindo cada
uma sua própria língua. Por causa dessa diversidade lingüística,
usávamos o árabe, sobretudo para a liturgia e as atividades pastorais. Foi-me confiada uma sucursal da paróquia, situada uns quinze
quilômetros da cidade, com uma população numerosa porque
havia lá uma usina de açúcar. Eu ia lá aos domingos, para presidir
a missa. A primeira vez que preguei, o catequista que morava no
lugar fez o papel de intérprete, a fim de transformar meu árabe num
árabe que as pessoas pudessem entender. Recebemos lições, uns
dos outros, no campo da língua, mas essa multiplicidade impedia,
creio eu, uma verdadeira inculturação da mensagem evangélica.
Insisto sobre esse ponto porque me parece importante que o cristianismo seja visto como autenticamente africano. É preciso poder
demonstrar a falsidade do slogan, lançado na época pelo chefe do