Português para estrangeiros Português para estrangeiros | Page 8

INTRODUÇÃO Neste livro pretendemos oferecer aos professores recursos técnico-práticos que envolvam o processo ensino-aprendizagem da língua portuguesa para estrangeiros. Este trabalho não é pioneiro no gênero, pois há outros bons livros sobre o assunto, alguns dos quais estão arrolados na bibliografia final. Este, porém, tem certas vantagens sobre os demais por trazer gramática resumida, noções de fonética e glossário em diversas línguas. Além disso, as estruturas reunidas em módulos facilitam bastante a aprendizagem da língua e o feed-back do léxico e das estruturas lhes auxilia a fixação. A aprendizagem do léxico de uma língua é relativamente fácil. A dificuldade está em dominar as novas estruturas expressivas e o conteúdo, porque é preciso familiarizar-se com esquemas que não pareçam lógicos e evitar outros que pareçam plausíveis. Esta aprendizagem, que só pode ser feita por uma prática constante, é conseguida com a metodologia que seguimos, pois, com os exercícios propostos, o aluno vai dominando, gradativamente, palavras e estruturas necessárias a uma conversação ao ponto de, já na décima lição, ser dono de 200 palavras de classes mórficas diversas. As lições não correspondem a uma aula, mas, conforme o caso, a várias aulas. Cada lição é base para a que a segue. Os testes, que acompanham grupos de lições, só devem ser desenvolvidos pelo aluno no momento adequado, ou seja, depois de estudo intensivo e metódico. Todo padrão gramatical a ser equacionado é extraído de um texto previamente montado, mostrando a estrutura gramatical, por meio de oposições, substituições, transposições ou supressões. Esses exercícios servirão não só de estímulos à criatividade do aluno, que é levado a empregar, em contextos variados, outras estruturas linguísticas, mas também de fixação de mecanismos básicos de produção de frases e de enriquecimento do vocabulário. Assim, os exercícios de repetição de estruturas são modelos que o aluno poderá fazer de acordo com o conhecimento que vai adquirindo. Tomemos como exemplo na lição 4 (quatro) João é alto (ou gordo, simpático, magro). Pode-se substituir João, núcleo do sujeito da oração, por homem, senhor, você, o português, o brasileiro, etc.. Na lição 5 (cinco) em O livro está perto (ou aqui, nesta sala, etc.), a palavra livro pode ser substituída por lápis, caderno, menino, isto é, por qualquer substantivo ou pronome que já seja do conhecimento do aluno; e na oração Onde aquele senhor trabalha? a palavra trabalha pode ser substituída por outra de igual equivalência (estuda, mora, está, fala) como também o sintagma ‗‘aquele senhor‘‘ por você, João, português, brasileiro, aquele menino, este homem, etc. Na confecção dos exercícios, deve-se atentar primeiro para sua realização oral e em seguida para a escrita, seja no livro, quadro de giz, ou caderno. As respostas podem ser dadas por um aluno, por um grupo de alunos, ou por todos os alunos, conforme a indicação do professor. O interessante seria alternar respostas individuais com coletivas para evitar monotonia ou para encorajar os mais tímidos. Se os exercícios escritos revelarem outras lacunas, será conveniente que o professor elabore exercícios adicionais de fixação e revisão. Quanto à pontuação, procuramos, com grupos de frases, fazer com que o aluno adquira a habilidade de delimitar os elementos linearmente estruturados (Eu vou, mas você fica. Eu vou, porque você fica.) e tome consciência da entonação como codificador e decodificador da mensagem. Por exemplo, nas orações Vocês sabem ouvir?, Nós sabemos a lição. Eu sei a lição., deve o professor fazer o aluno sentir a entonação dessas orações e modificá-las tanto quanto possível: Vocês sabem ouvir., Nós sabemos a lição?, Eu sei a lição? O processo de aprendizagem de uma segunda língua implica também fazer distinções na emissão e audição de sons que constituem seus fonemas. Português para estrangeiros | Ester Ester Abreu V. de Oliveira 8