Portuguese Lighting Magazine Issue 22 | Page 31

ARTIGO EM DESTAQUE / FEATURED ARTICLE

Lígia Fascioni (Dr.ª em Engenharia de Produção e Sistemas com foco em Gestão Integrada do Design) defende que “Quando um objeto é concebido pensando-se apenas e tão somente na sua função, isso não é design. É engenharia”.

Ora, se o design funcional não é suficiente para realçar um produto face à concorrência, é aqui que entra o DESIGN ESTÉTICO. Criar um objecto com foco na experiência que este pode oferecer é muito importante, mas o aspecto visual não deve ser descartado, uma vez que este desperta as sensações, as emoções e até o desejo de comprar que ultrapassa em muito a necessidade.

A Arqª Joana Marcelino corrobora estas afirmações “É com estética que apuramos todos os nossos sentidos e sensibilidade, que organizamos espaços e desenvolvemos o gosto pelo belo, pela arte. O design estético e o story telling que estão por trás serão sempre uma boa ferramenta e quando associados ao design funcional o produto passa a ser bastante desejável. Não se pode dissociar um do outro, a estética e a função são duas premissas inequívocas para o sucesso de um produto a curto e longo prazo, podendo tornar o mesmo num ícone no panorama do design e do ponto de vista comercial”.

O Jorge Pontes (Designer e Project Manager na Sonae MC) vai ainda mais longe no seu ponto de vista e refere que a discussão entre a funcionalidade útil e a decorativa acaba por ser inútil, pois estas duas premissas devem trabalhar em conjunto. Um design unicamente utilitário não cativa o consumidor e um design voltado só para o lado estético não colmata uma necessidade e a sua função seria só ornamental, acabando unicamente por ser uma peça de arte. Massimo Vignelli diz que a arte e o design se diferenciam através da sua intenção. Enquanto a obra do designer tem de funcionar, a do artista basta existir.

Contudo, o design estético poderá funcionar melhor a nível de projeção das marcas, do produto. Um excelente design estético irá com certeza captar a atenção do comprador, mas se o objetivo do comprador for a utilidade da peça, este irá sempre procurar no produto a sua funcionalidade, pelo que uma peça criativa se não for funcional terá menos hipóteses de resultar a nível de sucesso de vendas, tal como refere a Ana Serrador, CEO da Villa Lumi (fabricante de iluminação). E acrescenta que nos dias que correm existem três grupos de consumidores. Os consumidores que procuram puramente o design estético, encarando a peça como uma obra de arte, como uma criação. Os consumidores mais objectivos e esses procuram apenas o essencial, o funcional. Depois temos o outro grupo que tenta aliar estas duas vertentes e este será o mais significativo.

Chegámos, então, à conclusão de que o design funcional deve andar a par e passo com o design estético, mas como balanceamos a criatividade do designer e as limitações do fabricante? Sim, porque a criatividade de um designer pode ser infinita, mas uma fábrica com as suas máquinas, moldes e recursos humanos não são, pois nem tudo é passível de ser produzido.

" (...) um grupo de 21 empresas do sector (...) Defendiam que só a força do Associativismo seria capaz de responder cabalmente a tais desafios."

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