Pontivírgula - Edição Setembro 2017 Pontivírgula - Edição Setembro 2017 | Page 31

OPINIÃO

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Música

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Backbeat

Esta mentalidade tem vindo a desvanecer desde que gravar se tornou barato. Os recursos acessíveis aliados ao desejo de gratificação instantânea dos millennials popularizaram os projetos musicais na segunda metade dos anos 90. Mas como pode isto ser mau se apenas graças a estas brincadeiras de criança ganhamos acesso a bandas como os The Gift ou, no panorama internacional, LCD Soundsystem? Pois e não é. Numa avalanche criativa cheia de lixo harmónico as hipóteses de algum êxito não são assim tão baixas: Pearl Jam, Oasis, Linkin Park, todos jovens adultos que usufruíram das maravilhas tecnológicas do final do século XX.

Por isso mesmo, Portugal também viu surgir bons nomes no panorama musical. Seria fácil destacar os Clã, Ornatos Violeta e até os Silence 4, quanto mais não seja porque é o que diz na Wikipédia. Assim dou-vos outros: Blasted Mechanism, Kussondulola e Legendary Tigerman todos bons nomes nacionais que se fizeram nos anos 90, sem Facebook.

A tecnologia, como a tudo um pouco, dita também a música. O Hip-Hop não era possível sem mesas de mistura - duas, para ser exato. Hoje basta um portátil e um software free-trial para produzir uma mix-tape de qualidade.Chegámos ao ponto em que todo um álbum pode ser produzido num launchpad acopulado a um smartphone. Contudo, há e haverá sempre resistentes. Ainda há bandas à séria no nosso país.

Conjuntos com a cabeça, tronco e membros de um típico grupo músical: bateria, guitarras, baixo e vocais; nada mais porque mais nada é necessário. São exemplos destas novas bandas os Capitão Fausto e os Linda Martini. Mas há mais, menos conhecidos e que certamente estarão no topo das tabelas. Quelle Dead Gazelle, Trevo, First Breath After Coma, Best Youth... Todos futuros discos de platina numa indústria onde 60 deles premeiam canções plagiadas. Apesar disso, estou confiante em que não sofre de uma crise, pelo menos não como dizem os saudosistas, esses da idade do Tony.

"Chegámos ao ponto em que todo um álbum pode ser produzido num launchpad acopulado a um smartphone"

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