OPINIÃO
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Aqui e Agora
Atualidade
Teresa Mosqueira
Arrependidamente Sós
Falta menos de três anos para a União Europeia perder oficialmente um dos seus estados-membro.
É a 29 de Março de 2019 que o artigo 50 do Tratado de Lisboa se consumará, depois do curto período de divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia, que até agora temos vindo a testemunhar. Numa diminuta diferença de apenas 3,8%, os partidários da continuidade viram-se derrotados pelos pró-Brexit.
Deixemos de parte o desejo britânico de uma existência independente de Bruxelas e das limitações por esta impostas. Esqueçamos que a nível económico o Reino Unido deixará de estar sob regulamentação e burocracia europeias e que, no que toca ao seu universo comercial, poderá beneficiar não só de livre comércio com a UE, mas terá também a oportunidade de criar novas relações com outros mercados em crescimento. É sem dúvida uma win-win situation, mas ignoremos estes aspectos e foquemo-nos num dos motivos que está no cerne do referendo – a imigração.
Não é mentira nenhuma que o Reino Unido se caracteriza por uma mescla de etnias e crenças. Londres é a morada da multiculturalidade. A par da população heterogénea, a permanência na UE significa manter as portas escancaradas aos imigrantes, maioria destes refugiados. Logo, Brexit é sinónimo de um recuperar do poder britânico no que toca ao controlo fronteiriço. Não é demais afirmar que um dos sentimentos por detrás deste pensamento é, evidentemente, o medo de possíveis ataques terroristas executados por imigrantes que venham na leva de refugiados (chamemos as coisas pelos nomes!). Ironia das ironias, o número de incidentes considerados terroristas aumenta naquelas terras. É o reviver de atitudes xenofóbicas, corroboradas pelos recentes episódios violentos reivindicados pelo Daesh: cinco ataques no Reino Unido em apenas seis meses, sendo o último deles a bomba no metro de Londres, apesar de não ter explodido totalmente devido a uma falha na detonação. O desejo de fechamento não está a resultar como planeado. Para além disso, os ânimos têm permanecido agitados, já me contava uma londrina - que conheci há cerca de um mês -que me disse, passo a citar: we are living in a complete chaos and now people regret of having voted leave, they want a new referendum. Confesso que ao ouvir estas palavras não consegui disfarçar o meu ar trocista.
de Londres, apesar de não ter explodido totalmente devido a uma falha na detonação. O desejo de fechamento não está a resultar como planeado. Para além disso, os ânimos têm permanecido agitados, já me contava uma londrina - que conheci há cerca de um mês -, passo a citar: "we are living in a complete chaos and now people regret of having voted leave, they want a new referendum". Confesso que ao ouvir estas palavras não consegui disfarçar o meu ar trocista.
Muros, paredes e barreiras em detrimento de pontes. O grande mal dos nossos dias é esse. E já que falamos de atitudes racistas e xenófobas, aproveito para invocar André Ventura que, coitado, tem sido tudo menos afortunado. Ora, claro que a concorrência se serviu da intervenção do candidato para o apedrejar publicamente no debate transmitido na TVI. Comportamentos destes têm de ser suprimidos: afinal não estamos na América do Norte, nem nos podemos dar ao luxo de exigir um referendo...
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