ATUALIDADE
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Reportagem em Auschwitz: "Aqueles que não recordam o passado, deixam-no acontecer outra vez"
Cristiana Reis
Recordo a minha visita a Auschwitz como um dia muito triste. Porém, viver em Cracóvia durante um semestre e não visitar Auschwitz nunca foi sequer uma opção. Sempre achei a história da Segunda Guerra Mundial interessantíssima e ter o maior símbolo do Holocausto tão perto e não o visitar não faria sentido. Falei com várias pessoas que já tinham visitado o campo de concentração antes de ir, mas por mais comentários e opiniões que tenha recebido, nada me preparou para a realidade que iria enfrentar.
O nome Auschwitz foi usado para identificar um conjunto específico de campos de concentração e de extermínio. Durante a Segunda Guerra Mundial, sob o comando de Hitler, foram erguidos três campos neste modelo: Auschwitz I, Auschwitz-Birkenau e Auschwitz-Monowitz.
O Museu de Auschwitz, foi aberto em 1955, dez anos depois da guerra terminar, e permite às pessoas visitar os pequenos quartos onde os prisioneiros dormiam, conhecer as câmaras de gás, o crematório, e saber onde ficava a célula de organização local nazista que comandava o campo. Este Museu é considerado Património da Humanidade e existe para que as pessoas nunca se esqueçam do que ali aconteceu.
AUSCHWITZ I, o trabalho liberta
A visita começa em Auschwitz I, inaugurado em 1940, e depois de se entrar pelo portão com a frase Arbeit Macht Frei (que significa, O Trabalho Liberta), o mundo torna-se outro. Tomamos a opção de deixar o nosso mundo confortável e cheio de cor, para entrar noutro. Um outro mundo onde nada é bonito, onde percebemos que seres humanos como nós, utilizaram a xenofobia e o racismo para magoar inocentes de maneiras impossíveis de compreender.
Este campo, foi construído em 1940, na cidade de Oswieciem, a 67 quilómetros de Cracóvia. Os prédios eram separados por cercas eletrificadas, de modo a separar os prisioneiros uns dos outros.
No primeiro bloco, deparamo-nos com várias fotos da época, que mostram como era feita a seleção de prisioneiros. Sim, ser prisioneiro era considerado um "luxo" no mundo dos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. Apenas se o prisioneiro se mostrasse apto para trabalhar é que poderia entrar no campo e continuar vivo. Se o prisioneiro se mostrasse fraco e com problemas de saúde, seria morto. Ou seja, mal chegavam a Auschwitz, os prisioneiros eram divididos em dois grupos. O grupo que iria morrer cedo, nas câmaras de gás, e o grupo que iria trabalhar para o exército alemão, até morrer.
Para mim, o momento mais dramático de toda a visita, ocorreu no segundo bloco em que entrei, onde os objetos pessoais dos prisioneiros de Auschwitz se encontram expostos em vitrines. Mal chegavam ao campo, todos os seus bens eram confiscados e o seu cabelo rapado. Além dos milhares de sapatos, óculos, nada me tocou mais do que ver tanto cabelo humano amontoado. Acho que foi nesta altura que realmente caí em mim e me apercebi da quantidade de pessoas que aqui foi feita prisioneira, e que morreu às mãos do exército nazi.
"Ouvir falar da segunda guerra mundial é triste, mas visitar um campo de concentração é arrebatador. É um local cinzento, triste e silencioso"
Ouvir falar da segunda guerra mundial é triste, mas visitar um campo de concentração é arrebatador. É um local cinzento, triste e silencioso. De prédio em prédio, cada vez encontrava mais pessoas, mas raro era ouvir a voz de alguém que não a do guia.
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