Pontivírgula - Edição Março 2018 Pontivírgula - Edição de Março 2018 | Page 33

OPINIÃO

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Aqui e Agora

Atualidade

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Fragilizada pelo Brexit, a União Europeia parece ter vindo a reparar nas vantagens em fazer renascer das cinzas a lógica das alianças que o mundo testemunhou durante o século XX. Desta vez, Alemanha, França e Reino Unido formam um trio de forças condenadoras da possível - e provável - acção russa em palco europeu: o envenenamento de Skripal. Já os Estados Unidos mantêm uma posição ambígua face ao acontecimento. Convenhamos que esta é uma estratégia bastante favorável a Trump (como o são todas as outras que adopta).

A União Europeia devia consciencializar-se de que a sua sobrevivência será um cenário difícil se não se unir, renunciando à vontade de cada país membro de sobrepor-se aos restantes, e esquecendo a concorrência económica interna. Deve antes funcionar como um mecanismo que potencie os seus países e os capacite, de modo a não se subjugarem à Rússia e a não carecerem de protecção norte-americana. É inegável que esta última hipótese carrega também consigo um clima de tensão, ao qual parece impossível escapar. É o regresso da Guerra Fria? A resposta é afirmativa se considerarmos a imprevisibilidade que marca os nossos dias e as ameaças que surgem por cada uma das partes. Parece um jogo de pingue-pongue repleto de exigências e bate pés de líderes caprichosos e inconstantes. É nestes momentos da História em que não me importo de ser portuguesa e estar fora da equação dos grandes, mas esqueço-me do efeito dominó. O mundo é pequeno, mas a Rússia não.

Escrito com o Antigo acordo ortográfico

«O mundo é pequeno, mas a Rússia não»