Pontivírgula - Edição Março 2018 Pontivírgula - Edição de Março 2018 | Page 23

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Acha que o futuro do jornalismo passa inevitavelmente pelas redes sociais?

O futuro do jornalismo passa por continuar a fazer jornalismo da mesma forma, neste sentido: trabalhar bem, com verdade, procurar notícias, procurar e confirmar as fontes, isso é a base do jornalismo. Só que o meio mudou. Antigamente fazíamos só jornais, depois vieram as rádios, depois as televisões. Portanto, o meio está constantemente a mudar e nós estamos num momento de mudança. O que nós, como meio de comunicação, temos de fazer, até porque há um shift considerável da malta mais nova a sair dos meios tradicionais e a ir para o meio digital. Nós devemos acompanhar essas tendências, devemos estar lá, devemos estar presentes nesses meios para atingir essas pessoas também com bom jornalismo.

O bom jornalismo é suficiente? Estar onde os jovens estão é suficiente?

Não é suficiente. Em última análise passa por aí, porque vocês, ao contrário do que o que muitas vezes as pessoas dizem, uma boa parte considerável dos jovens tem noção das coisas e tem noção do que está a fazer. E vimos pela conversa que aqui tivemos, têm noção do que é verdade, do que é mentira. Por vezes confundem um bocadinho as coisas, mas têm claramente noção disso. E a longo prazo o que acontece é que conforme nós vamos crescendo, vamos criando mais ligação a meios que respeitamos e seguimos mais. E só conseguimos isso se fizermos coisas verdadeiras e se trabalharmos bem.

Que estratégias têm os meios tradicionais para chegar até nós?

Posso dar um exemplo: há dez anos, o mundo digital na RTP era uma coisa praticamente inexistente. Hoje em dia, já tem um peso considerável dentro da empresa. Há jornalistas já especializados na área. Em áreas como redes sociais, de fazer chegar a informação a essas pessoas. Portanto, é claramente uma aposta que temos que manter e reforçar no futuro.

Acha fundamental o ensino da literacia digital no combate às fake news?

Sim e deve começar cedo. Nas escolas, antes da faculdade, alertar as pessoas para os riscos e os perigos que existem. Distinguir o que é verdade do que é mentira. Como é que a informação circula hoje em dia, onde é que devemos ir, onde é que não devemos ir e isso é fundamental. Termos essa formatação, digamos assim. Não para as pessoas seguirem determinado meio, mas para perceberem o que é fake news e o que é opinião. Uma é mentira e a outra é apenas opinião.

«(...) trabalhar bem, com verdade, procurar notícias, procurar e confirmar as fontes, isso é a base do jornalismo»