Pontivírgula - Edição Março 2018 Pontivírgula - Edição de Março 2018 | Page 18

ENTREVISTA

............................................................

18

Que diferença sentes ao estudar comunicação no contexto americano?

A quantidade de trabalho que temos diariamente é imensa. Agora penso em todas as vezes em que nos queixávamos por acharmos que um professor estava a pedir demasiados trabalhos e só me consigo rir. Tenho cadeiras em que tenho de entregar um ou mais trabalhos por aula e temos de ler, em média, 300 páginas por aula. As aulas são muito viradas para a discussão crítica das teorias e temas estudados. Fazem-nos sentir como o futuro da comunicação, os que vão estar à frente das próximas descobertas. Em Portugal focamo-nos em estudar um tema a fundo. Aqui dão-nos a conhecer várias teorias e áreas e esperam que discutamos possíveis caminhos para futuras investigações e até a evolução que irá existir no campo da comunicação, na sociedade e as suas implicações.

O que dirias sobre as condições oferecidas a uma aluna portuguesa na Universidade de Kent?

Não podia esperar melhores condições. Fomos bem recebidas por toda a gente, quer colegas, quer professores. As instalações são modernas e têm imensos recursos. A dimensão da Kent State University é esmagadora. Um dos meus edifícios preferidos é a biblioteca, o maior da universidade.

Estar longe da zona de conforto pode ser assustador. Como é estar num sítio desconhecido?

Pode ser e é! Mas afinal, era mesmo isso que eu queria, não era? Mas também não podemos fazer disso um bicho-de-sete-cabeças. É claro que sinto saudades dos meus amigos, família e trabalho. Há dias em que custa mais estar ausente do que noutros e em que a distância parece ser gigante. Estar noutro país já é uma experiência que evoca o desconhecido, mas estar noutro continente e falar noutra língua são condimentos extra para esse choque. Para além disso, é a primeira vez que estou tanto tempo longe de casa e que vivo sozinha. Ótima oportunidade para crescer, espero! O mais importante é não deixar que inseguranças e esses dias em que as saudades apertam nos desanimem. Nessas alturas é importante falar com amigos e família. É normal surgirem perguntas. Dou por mim a questionar muita coisa, mas isso também é importante. Acima de tudo é preciso sair de casa e perceber que estamos a viver uma experiência única. Não estamos cá durante muito tempo, há que aproveitar cada bocadinho da experiência e ir ganhando mais perguntas sempre que possível.

«O desenvolvimento pessoal é inevitável. Estou a ser confrontada com outro ritmo, exigência e modos de pensar. Estou a conhecer pessoas novas. Estou longe dos meus. Isso tem de me impactar de alguma forma»