ATUALIDADE
...........................................................
Dados de 50 milhões de perfis no Facebook usados para levar Donald Trump à Casa Branca
11
Maria Veríssimo
Aplicação da Cambridge Analytica, que trabalhava com Donald Trump, recolheu cerca de 50 milhões de dados de perfis da rede social Facebook com o objetivo de prever como os utilizadores votariam nas eleições presidenciais.
A Cambridge Analytica é uma empresa britânica, fundada em 2013, de consultoria política que analisa dados para criar estratégias de comunicação em processos eleitorais. Há dois anos, começou a trabalhar com candidatos norte-americanos. Para conseguir criar essas estratégias, utilizam testes de personalidade e padrões como a idade, raça, rendimentos, hábitos de consumo e de consumo online para delinear o perfil psicológico de eventuais eleitores.
A notícia foi avançada pela publicação semanal do The Guardian, The Observer. Cristopher Wylie, um dos criadores do algoritmo que serve de base ao programa de análise de dados, assume: “aproveitámos o Facebook para recolher milhões de perfis e construímos modelos de análise para — através do que ficámos a saber sobre estas pessoas — direcionarmos conteúdos pensados nos seus maiores medos”.
Mas como é que a Cambridge Analytica acedeu aos dados de utilizadores do Facebook? Foi através do “thisisyourdigitallife”, uma aplicação feita por um estudante da Universidade de Cambridge em colaboração com a Cambridge Analytica. Ao utilizarem esta aplicação, os seus utilizadores cediam os seus dados pessoais, supostamente para uma recolha de dados apenas para “uso académico”. Os utilizadores tinham apenas de fazer um teste de personalidade. A aplicação foi utilizada aproximadamente por 300 mil pessoas. Contudo, estes 300 mil utilizadores passaram a 50 milhões, uma vez que cada pessoa, ao ceder os seus dados pessoais, cedia também os dados dos perfis dos amigos, sem conhecimento prévio.
A Cambridge Analytica, ao reunir estes dados “para uso académico”, conseguiu traçar perfis psicológicos de utilizadores, ou seja, eleitores, e criar publicidade específica com o objetivo de influenciar o sentido de voto. O responsável pela app vendida à Cambridge Analytica, Aleksandr Kogan, estudante da Universidade de Cambridge, em declarações à CNN afirmou: “a nossa app não era especial, havia milhares de aplicações a fazer exatamente o mesmo”.
«cada pessoa, ao ceder os seus dados pessoais, cedia também os dados dos perfis dos amigos, sem conhecimento prévio»
© Chesnot/ Getty Images