Pontivírgula - Edição Maio 2018 Pontivírgula - Edição Maio 2018 | Page 13

ATUALIDADE

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A ONU apresentou o plano de divisão da Palestina em novembro de 1947. Jerusalém seria uma cidade neutra, administrada internacionalmente pela ONU. Segundo o plano, o estado judeu iria adquirir 54% do território, apesar de representar apenas 30% da população. O estado árabe incorporaria 45% da área, apesar de representar 70% da população. Os ingleses deveriam retirar as suas tropas a 14 de maio.

A 14 de Maio, é declarada unilateralmente a criação de um estado judeu por David Ben Gurion, horas depois de o mandato britânico naquela área da Palestina ter expirado. Era a concretização do desejo sionista – a devolução da terra perdida e a criação de uma nação judaica. Para os palestinianos, era a violação do princípio de autodeterminação. Rebentou de imediato a primeira guerra israelo-árabe. Os conflitos permanecem, intermitentemente, até hoje.

A barreira que separa a festa do horror

Na madrugada de 13 de maio, Israel venceu a 63ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em Lisboa. Em Telavive, multidões de israelitas celebraram nas ruas a vitória de Netta na Eurovisão. Celebrou-se também o Dia de Jerusalém, aniversário da “unificação” da cidade após a guerra de 1967, na qual Israel conquistou Jerusalém Oriental, Cisjordânia e a Faixa de Gaza. No dia seguinte, celebraram-se 70 anos do Estado de Israel e a inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém. Na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, o exército israelita abria fogo contra os palestinianos que protestavam pelo direito do retorno.

Desde 30 de março, assinalou-se A Grande Marcha do Retorno, um protesto cujo objetivo era trazer atenção internacional à causa palestiniana: o direito do retorno. Terão morrido 107 manifestantes e estima-se que 12,300 pessoas tenham ficado feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O protesto, em Gaza, que reivindicava o direito de retorno dos refugiados de 1948 e seus descendentes tomou novos contornos com a inauguração da embaixada dos EUA em Jerusalém – uma cidade importante para ambos os povos e que os palestinianos reclamam como capital do seu futuro estado. A marcha, cujo fim estava programado para 15 de maio, quando os palestinianos assinalam a Nakba (catástrofe), teve primeiro mais um dia de protestos violentos que coincidiram com a inauguração da embaixada. Nesse dia, pelo menos 58 palestinianos morreram às mãos das forças israelitas e mais de 2,700 ficaram feridos.

A ação de Israel foi condenada pela ONU e organizações de defesa dos direitos humanos como a Amnistia Internacional. “O direito à vida deve ser respeitado. Os responsáveis pelas ultrajantes violações dos direitos humanos têm de ser responsabilizados”, disse Zeid Ra’ad al-Hussein, alto-comissário para os Direitos Humanos da ONU.

© Menahem Kahana/Agence France-Presse