Pontivírgula - Edição Maio 2018 Pontivírgula - Edição Maio 2018 | Page 12

Da causa judaica à fundação do Estado de Israel

Quando se fala de Israel, é inevitável falar-se na causa judaica – o sionismo – a defesa do direito do povo judeu a ter uma pátria na sua terra original. Durante séculos, os judeus vaguearam pelo mundo, sem pátria, exilados da sua terra, a Judeia, conquistada pelo império romano em 63 a.C.

A causa sionista, cujo nome vem de Sião (o monte do templo de Jerusalém), fundou-se oficialmente no final do século XIX. Foi nesta altura que a causa judaica começou a ganhar expressão política e iniciaram-se tentativas de imigração para a antiga Judeia, nessa altura a Palestina, onde há mais de mil anos viviam comunidades árabes dentro do império turco-otomano.

No século XX, após a Primeira Guerra Mundial, a área da Palestina foi entregue aos britânicos em mandato da Liga das Nações. Já em 1917, com a Declaração de Balfour, os ingleses apoiavam a causa judaica. A declaração assumia o compromisso da defesa internacional dos direitos dos judeus, que eram uma Nação sem Estado. Os ingleses apoiaram o regresso de milhares de famílias à Terra Santa no período entre guerras. Os primeiros conflitos entre comunidades judaicas e comunidades árabes registam-se nos anos 20.

A Segunda Guerra Mundial fez dos judeus as suas grandes vítimas e o Holocausto deu à causa sionista o argumento necessário para ter direito a um Estado. Em 1947, o destino da Palestina foi entregue à ONU pelos ingleses, que previam a descolonização do mundo árabe.

A ONU apresentou o plano de divisão da Palestina em novembro de 1947. Jerusalém seria uma cidade neutra, administrada internacionalmente pela ONU. Segundo o plano, o estado judeu iria adquirir 54% do território, apesar de representar apenas 30% da população. O estado árabe incorporaria 45% da área, apesar de representar 70% da população. Os ingleses deveriam retirar as suas tropas a 14 de maio.

A 14 de Maio, é declarada unilateralmente a criação de um estado judeu por David Ben Gurion, horas depois de o mandato britânico naquela área da Palestina ter expirado. Era a concretização do desejo sionista – a devolução da terra perdida e a criação de uma nação judaica. Para os palestinianos, era a violação do princípio de autodeterminação. Rebentou de imediato a primeira guerra israelo-árabe. Os conflitos permanecem, intermitentemente, até hoje.

ATUALIDADE

............................................................

12

O que se passa com Israel?

Carolina Correia

© REUTERS

Desde a inauguração da Embaixada Americana em Jerusalém, à vitória na Eurovisão, passando pelos ataques contra os Palestinianos, Israel marcou presença nos meios de comunicação este mês. Porém, o conflito israelo-árabe remonta há 70 anos atrás. Como é que tudo começou?