Diante do relato de nossos participantes, pode-se perceber que o mesmo receio que está presente em soropositivos, segundo a literatura, se mostra presente, com suas devidas proporções, ao menos de forma inconsciente, em usuários da PrEP. Possivelmente porque a utilização da PrEP é relacionada com a prevenção de riscos e não necessariamente com a mudança de comportamentos e práticas sexuais, o que dentro de uma sociedade preconceituosa, poderia gerar incômodos. Então, a quebra desse tabu e a realização do desejo relacionado com o prazer sexual se mantém, por oferecer maior liberdade e menor privação. Consequentemente, se tal liberdade é vivida, há de se manter, infelizmente, todas as consequências sociais e psíquicas da realização desse desejo, tendo como retorno social algumas de suas formas mais cruéis e desumanas, o estigma e o preconceito.
A partir da literatura disponível e da avaliação de políticas públicas voltadas para a prevenção e monitoramento de ISTs no país, identificamos diversos pontos importantes para futuros estudos e discussões no âmbito da promoção de políticas de saúde eficientes e não exclusivistas, que sejam baseadas em evidências e dados que correspondam à realidade das populações de fato afetadas por ISTs. É também importante ressaltar que uma vez que ainda existe um grande estigma sobre HIV/Aids compartilhado socialmente, como que de forma quase que inevitável, essa representação se estende a métodos de profilaxias combinadas mais modernas como a PrEP.
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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 41