Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 43

Reforçamos que é de maior importância avaliar a forma como novos discursos e práticas médicas são recebidos por uma sociedade que já é naturalmente atravessada por diversas representações acerca de doenças, sobretudo as infecciosas, representações que carregam em si um caráter consciente e também inconsciente, logo, é impossível se pensar novas políticas de saúde para tratamento e prevenção de infecções ou doenças estigmatizadas sem levar em conta toda a carga simbólica de discursos que afetam tanto as pessoas que vivem com a infecção quanto as que querem prevenir-se contra elas, e considerando-se que conceitos como “populações-chave” afetam também indivíduos que não necessariamente fazem parte destes grupos ao excluí-los do debate e do acesso à formas mais modernas e eficazes de profilaxia.

Portanto, são necessárias mais pesquisas que acessem discursos subjetivos de sujeitos implicados nesse tipo de tratamento para verificar de que forma essas populações sentem-se representadas socialmente, sendo que estes resultados podem auxiliar a se pensar políticas públicas mais eficientes e que promovam de fato o bem-estar e a saúde dos indivíduos não só os que optam por diferentes formas de gerenciar os riscos implicados em suas vidas, mas de toda a população interessada ou disposta a aderir a novas formas de prevenção, conquistando assim uma maior autonomia e liberdade em suas esferas de vida afetivas, sexuais, sociais, éticas e políticas.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 42