Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 41

De forma resumida, a proibição e a repressão hipócrita que parte da sociedade demonstraria através do preconceito acerca dos usuários de PrEP, ou mesmo dos pacientes com HIV, pode denotar uma tentativa cruel de manter o estigma sobre tal parcela da população, impedindo sua liberdade, suas conquistas, seus prazeres. O fator punitivo que a representação social da Aids carregou ao longo da história, possuiria agora a chance de ser desmistificada, seja pelo uso da PrEP ou pela qualidade do tratamento para HIV, o que infelizmente também poderia gerar incômodo em parte da sociedade regida por preconceitos, estigmas e hipocrisia. A liberdade e a tranquilidade que os usuários de PrEP e soropositivos sentem poderia refletir a repressão interna de uma parcela da população que se incomodaria de forma direta ou indireta com tais avanços. A forma cruel que parte da população utilizaria para resolver tal conflito interno seria a tentativa de manutenção da violência dos estigmas, designando aos usuários de PrEP e soropositivos um lugar ainda desabonado, desqualificado e moralmente prejudicado. 

Dessa forma, a quebra desse tabu ou a realização desse desejo proibido tem como consequência a estigmatização dos que ousaram quebrar tal protocolo. Podemos então assumir que o estigma relacionado ao HIV, isto é, o tabu que envolve os comportamentos que inconscientemente estão relacionados no imaginário da sociedade, ao vírus e às pessoas soropositivas, que é passível de uma punição exercida através da exclusão e do preconceito.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 40