Pathos: revista brasileira de práticas públicas e psicopatologia Volume 07 | Page 113

Ricardo – Quando você fala que hoje o acesso a informação é mais amplo, podemos pensar, pelo que você está trazendo, que o direito a informação e a amplitude de conteúdo faz toda diferença? Que a possibilidade de entender melhor as coisas dentro de uma perspectiva mais democratizada nos ofertaria uma maior possibilidade de sermos quem somos?

 

Silvetty – Sim, com certeza, antes o acesso a informação era muito escasso, muito diferente de hoje. Não tínhamos tanta possibilidade de ser no mundo. Antes, por exemplo, só poderíamos ser GLS (gays, lésbicas ou simpatizantes). Hoje temos muitas possibilidades, são muitas novidades, né? (risos) Cada dia surge uma letra, cada dia surge um significado, que, às vezes é até engraçado, que as pessoas acham que a gente, por ser do meio tem que saber tudo, mas eu não tenho que saber tudo, isso mostra a infinidade de possiblidades de existência. Embora haja ainda muita violência, muita morte de LGBT, hoje é mais possível ser o que quisermos ser. Eu tento ler, tento ver as coisas, me antenar, mas eu, desde pequeno, hoje estou com 34 anos de noite, quase 54 de idade, naquela época, bem atrás, eu sou de 67, então dos anos 80 – 90 era tudo muito mais difícil, hoje nós estamos em tudo. Em casas de família, fazendo festas, fazendo eventos, que, na época que eu comecei não tinha nada disso.

 

Ricardo – Considerando essas diferenças que você reconhece acerca da gerações, teve algum desafio na sua história, nessa época? Alguma situação que você lembra que marcou sua infância ou sua adolescência em relação às questões que envolvem o meio LGBT?

 

Ricardo e Silvio na informalidade da entrevista. Foto: Arquivo pessoal.

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PATHOS / V. 07, n.01, 2021 112