Opiniões REVISTA 9 AZUL_15 10 | Page 5

5 A ditadura do corpo perfeito por Camilla Nicoly Borin A sociedade tem a mania de julgar os outros com frases como “Se ela fosse mais magra, seria bonita”, “Até que o rosto é bonitinho, mas se tivesse mais corpo, seria mais bonita”, “Se o cabelo fosse liso, iria valorizar muito mais”. Todos esses “se” parecem não acabar nunca. Com isso, muitas pessoas, influenciadas pela mídia, acabam tendo sua autoestima diminuída a troco de nada. Ademais, a Internet, a televisão e as revistas de moda sempre mostram aquele padrão de beleza imposto por elas mesmas, o qual nós já conhecemos bem. Assim, muitas pessoas se sacrificam por esse estereótipo de beleza ideal. E eu não estou falando daquela dieta de comer docinhos que sempre marcamos de começar na segunda, ou das promessas de frequentar mais a academia. Estou falando de ficar dias sem comer praticamente nada, ingerir remédios sem nenhum acompanhamento médico, realizar cirurgias estéticas sem controle, entre muitos outros artifícios usados para tentar alcançar a “beleza ideal”. E nessa busca, mulheres sofrem, ficam doentes e, em casos mais extremos, perdem a vida. Essa aflição em sempre querer parecer mais bonita tem atingido as pessoas cada vez mais cedo. De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o número de cirurgias plásticas realizadas em adolescentes entre 14 e 18 anos subiu de 37.740 procedimentos em 2008 para 91.100 em 2012, ou seja, mais que dobrou em quatro anos. O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, sendo a lipoaspiração e a colocação de próteses mamárias os procedimentos campeões nas clínicas de estética. Isso te diz alguma coisa? Porque isso me diz alguma coisa. Isso me diz que a mídia e a sociedade impõem a todas essas mulheres a obrigação de serem “perfeitas”, e elas se sentem forçadas a realizar isso. Mas deixa eu dizer uma coisa, isso não existe. Cada mulher é de um jeito, tem o seu tipo de corpo, cabelo, rosto, unha e cada uma é linda do jeito que é. Ninguém tem obrigação de se sentir mal do jeito que é. Se quiser emagrecer, alisar o cabelo, fazer plástica, tudo bem; é uma opção e ela pode fazer isso se for para se sentir bem consigo mesma. O que não pode é fazer isso por se sentir mal por não ser igual à modelo da revista. Outra atitude que devemos adotar e difundir, como mulheres e amigas, é a de parceria. Elogie suas amigas, suas primas, suas colegas pela beleza natural delas. Não incentive a busca por um ideal de beleza que muitas vezes não se aplica. Vamos compartilhar a importância da beleza natural e respeitar a genética de cada uma de nós. Há beleza em todos os tipos. Devemos nos unir e ajudar as outras mulheres a reconhecer sua beleza natural e, assim resgatar seu amor próprio. Muito magra, muito gorda, muito baixa, muito alta. Nada é o suficiente para as pessoas. Mas quer saber? Não tem que ser mesmo. Ninguém tem nada a ver com a vida de ninguém. Se eu me sinto bem do jeito que eu sou, é a única coisa que importa.