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A ditadura do corpo perfeito
por Camilla Nicoly Borin
A sociedade tem a mania de julgar os outros com frases como “Se ela fosse mais
magra, seria bonita”, “Até que o rosto é bonitinho, mas se tivesse mais corpo, seria mais
bonita”, “Se o cabelo fosse liso, iria valorizar muito mais”. Todos esses “se” parecem
não acabar nunca. Com isso, muitas pessoas, influenciadas pela mídia, acabam tendo
sua autoestima diminuída a troco de nada.
Ademais, a Internet, a televisão e as revistas de moda sempre mostram aquele
padrão de beleza imposto por elas mesmas, o qual nós já conhecemos bem. Assim,
muitas pessoas se sacrificam por esse estereótipo de beleza ideal. E eu não estou falando
daquela dieta de comer docinhos que sempre marcamos de começar na segunda, ou das
promessas de frequentar mais a academia. Estou falando de ficar dias sem comer
praticamente nada, ingerir remédios sem nenhum acompanhamento médico, realizar
cirurgias estéticas sem controle, entre muitos outros artifícios usados para tentar
alcançar a “beleza ideal”. E nessa busca, mulheres sofrem, ficam doentes e, em casos
mais extremos, perdem a vida.
Essa aflição em sempre querer parecer mais bonita tem atingido as pessoas cada
vez mais cedo. De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica (SBCP), o número de cirurgias plásticas realizadas em adolescentes entre 14 e
18 anos subiu de 37.740 procedimentos em 2008 para 91.100 em 2012, ou seja, mais
que dobrou em quatro anos.
O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, sendo a
lipoaspiração e a colocação de próteses mamárias os procedimentos campeões nas
clínicas de estética. Isso te diz alguma coisa? Porque isso me diz alguma coisa. Isso me
diz que a mídia e a sociedade impõem a todas essas mulheres a obrigação de serem
“perfeitas”, e elas se sentem forçadas a realizar isso. Mas deixa eu dizer uma coisa, isso
não existe. Cada mulher é de um jeito, tem o seu tipo de corpo, cabelo, rosto, unha e
cada uma é linda do jeito que é. Ninguém tem obrigação de se sentir mal do jeito que é.
Se quiser emagrecer, alisar o cabelo, fazer plástica, tudo bem; é uma opção e ela pode
fazer isso se for para se sentir bem consigo mesma. O que não pode é fazer isso por se
sentir mal por não ser igual à modelo da revista.
Outra atitude que devemos adotar e difundir, como mulheres e amigas, é a de
parceria. Elogie suas amigas, suas primas, suas colegas pela beleza natural delas. Não
incentive a busca por um ideal de beleza que muitas vezes não se aplica. Vamos
compartilhar a importância da beleza natural e respeitar a genética de cada uma de nós.
Há beleza em todos os tipos. Devemos nos unir e ajudar as outras mulheres a reconhecer
sua beleza natural e, assim resgatar seu amor próprio.
Muito magra, muito gorda, muito baixa, muito alta. Nada é o suficiente para as
pessoas. Mas quer saber? Não tem que ser mesmo. Ninguém tem nada a ver com a vida
de ninguém. Se eu me sinto bem do jeito que eu sou, é a única coisa que importa.