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O problema da ditadura do corpo perfeito
por Ana Vitória Cunha
Nos dias de hoje, a Internet está cada vez mais influente em todas as partes da
nossa vida: no nosso modo de ver as coisas, o que devemos ou não fazer, nas nossas
decisões, enfim, seria impossível – ou quase – citar tudo aquilo que a internet impõe em
nossas vidas ou nas decisões que tomamos. Porém, hoje queria discutir sobre um desses
tópicos: “A ditadura do corpo perfeito”.
Atualmente, o padrão de beleza feminino estampado nas imagens da mídia é:
corpo magro, malhado, seios grandes, bumbum perfeito, pernas torneadas e barriga
chapada. Em nome desse corpo ideal, as academias estão lotadas e as cirurgias plásticas
para colocar silicone, fazer lipoaspiração e outros procedimentos (que inclusive
colocam a vida das mulheres em risco, mas isso não é nada para quem busca o “corpo
perfeito”, não é mesmo?) são cada vez mais comuns. Mas isso não é de hoje, desde
sempre existe essa pressão em cima das mulheres e seus corpos.
Você não vai encontrar uma mulher de estatura mediana, com alguns quilinhos a
mais em um desfile de moda ou estampada nas capas de revista usando um biquíni, mas
por que isso? A maioria das mulheres não corresponde aos padrões, muito pelo
contrário, um modelo estético adotado pela minoria é considerado padrão. Por que não
fazem desfiles com mulheres reais? As mulheres vêm em todas as formas e tamanhos,
são diferentes, lindas de todas as formas, e não há motivo nenhum para mudarem seus
corpos ou seus estilos para se adaptarem a um padrão que nem ao menos faz sentido.
O que mais me indigna é que muitas dessas mulheres não dão valor à vida. Aí
me perguntam por que elas estão preocupadas apenas com a estética. Acabam exigindo
demais de si mesmas. “Eu preciso ter aquele corpo”, “Eu tenho que ficar linda, mas para
isso tenho que ter aquele corpo”. Assim, com sede de perfeição, colocam suas vidas em
risco com procedimentos estéticos arriscados sem nem pensar duas vezes. E o pior: elas
não querem isso tudo para se sentirem bem consigo mesmas ou manter a saúde estável.
Elas querem ser aclamadas pela mídia e seus seguidores. Querem que as invejem.
Motivos extremamente fúteis que, segundo elas, valem arriscar a vida e a saúde.