medida que você trata uma menina pra que ela seja dócil, passiva, sempre muito educada, a gente faz com que essas nossas meninas não consiguam dizer não, não consigam entender os próprios limites e saber onde as pessoas estão se excedendo isso emocionalmente e fisicamente, então aqui já podemos encontrar as raízes de relacionamentos abusivos, seja de uma maneira bastante subjetiva psicológica até a violência física e os meninos são muito instigados a mostrar a masculinidade através da força, através das brigas, se colocando, então a gente tem uma fórmula explosiva que ao longo do tempo gera os problemas que a gente tem, isso sem falar sobre a objetificação do corpo da mulher, uma culpa introjetada na gente por qualquer forma de violência e o corpo da mulher está sempre a disposição, pode ser sempre exposto, tocado, humilhado, em propagandas, somos julgadas pela a forma que a gente se veste, pela a forma que se comporta e isso é muito naturalizado a nossa sociedade. “
Assim para professora Olivia a cultura machista e sexissista impulsiona a violência contra a mulher ao criar homens para a ação e mulheres para a passividade.
“A relação entre a cultura do patriarcado e a cultura do estupro é toda, essa construção acerca do privilégio do gênero masculino sobre o gênero feminino faz com exista essa cultura do estupro e quando a gente fala de cultura é justamente essa construção social em que o homem tem historicamente um monte de privilégios, essa cultura se sente ameaçada na hora que a mulher sai de casa, a hora que a mulher vai trabalhar, e aqui eu não estou nem falando de uma liberdade conquistada, mas de uma necessidade de um mercado de trabalho cruel que rebaixa os salários e fez com que nenhuma família consiga viver com o salário de apenas uma pessoa,
o salário de apenas uma pessoa, as mulheres passaram também a serem exploradas, e aí a gente aprofunda os problemas e ao mesmo tempo faz com que a mulher ocupe um lugar que ela não ocupava antes e começa a perceber a relação entre o patriarcado e a sua opressão.”
Apesar dos inúmeros debates, campanhas de prevenção e conscientização, lei, etc, ainda existe um número muito alto de casos, justamente por conta dessa cultura que foi construída ao decorrer da história, é necessário romper com esse costume e garantir a todas as mulheres não apenas através de palavras, mas práticas diárias de respeito e igualdade, é necessário lembrar sempre que o corpo do outro não me pertence, logo, não tenho o direito de violentar ou desrespeitar o mesmo.
Olivia Maia, Arquiteta e Professora na
Universidade Universaidade Federal do Tocantins.