O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 334

Não tinham dúvidas quanto aos gentios e samaritanos ; esses eram estranhos e inimigos . Mas como fazer a distinção entre os de seu próprio povo e as várias classes sociais ? A quem deveriam os sacerdotes , os rabis , os anciãos , considerar como seu próximo ? Passavam a vida numa série de cerimônias para se purificarem . O contato com a multidão ignorante e descuidada , ensinavam eles , ocasionava contaminação . E o remover esta , exigiria esforço enfadonho . Deveriam considerar os “ imundos ” seu próximo ? Uma vez mais Se eximiu Jesus à discussão . Não denunciou a hipocrisia dos que O estavam espreitando para O condenar .
Mas , mediante uma singela história , apresentou aos ouvintes tal quadro do transbordamento do amor de origem celestial , que tocou os corações e arrancou do doutor da lei a confissão da verdade . O meio de dissipar as trevas , é admitir a luz . O melhor meio de tratar com o erro , é apresentar a verdade . É a manifestação do amor de Deus , que torna evidente a deformidade e o pecado do coração concentrado em si mesmo . “ Descia um homem de Jerusalém para Jericó ”, disse Jesus , “ e caiu nas mãos dos salteadores , os quais o despojaram , e , espancandoo , se retiraram , deixando-o meio morto . E ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote ; e , vendo-o , passou de largo . E de igual modo também um levita , chegando àquele lugar , e vendo-o , passou de largo ”. Lucas 10:30-32 . Isso não era uma cena imaginária , mas uma ocorrência verídica , que se sabia ser tal qual era apresentada .
O sacerdote e o levita que tinham passado de largo , encontravam-se entre o grupo que escutava as palavras de Cristo . Jornadeando de Jerusalém para Jericó , o viajante tinha de passar por um trecho deserto da Judéia . O caminho descia por entre abruptos e pedregosos barrancos , e era infestado de ladrões , sendo freqüentemente cena de violências . Aí foi o viajante atacado , despojado de tudo quanto levava de valor , ferido e machucado , sendo deixado meio-morto à beira do caminho . Enquanto assim jazia , passou o sacerdote por aquele caminho ; mas apenas deitou um rápido olhar ao pobre ferido . Apareceu em seguida o levita . Curioso de saber o que acontecera , deteve-se e contemplou a vítima . Sentiu a convicção do que devia fazer ; não era , porém , um dever agradável . Desejaria não haver passado por aquele caminho , de modo a não ter visto o ferido . Persuadiu-se de que nada tinha com o caso . Ambos esses homens ocupavam postos sagrados , e professavam expor as Escrituras . Pertenciam à classe especialmente esco lhida para servir de representantes de Deus perante o povo . Deviam “ compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados ” ( Hebreus 5:2 ), para que pudessem levar os homens a compreender o grande amor de Deus para com a humanidade .
A obra que haviam sido chamados a fazer , era a mesma que Jesus descrevera como Sua , quando dissera : “ O Espírito do Senhor é sobre Mim , pois que Me ungiu para evangelizar os pobres , enviou-Me a curar os quebrantados de coração e apregoar liberdade aos cativos , a dar vista aos cegos ; a pôr em liberdade os oprimidos ”. Lucas 4:18 . Os anjos
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