O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 248

novo profeta . A seus seguidores esta se afigurava a oportunidade áurea de estabelecer seu amado Mestre no trono de Israel .
No ardor dessa nova ambição , duro lhes era afastar-se e deixarem Jesus sozinho naquela desolada praia . Protestaram contra essa medida ; mas Jesus falou então com uma autoridade que nunca antes assumira para com eles . Sabiam que seria inútil qualquer oposição de sua parte , e , silenciosos , dirigiram-se para o mar . Cristo manda então à massa que se disperse ; e tão incisiva é Sua maneira , que não Lhe ousam desobedecer . As palavras de exaltação e louvor morrem-lhes nos lábios . No próprio ato de avançar para dEle se apoderarem , são-lhes detidos os passos , e o alegre e ansioso olhar amortece-lhes no semblante . Há naquela multidão homens de espírito vigoroso e firme determinação ; o régio porte de Jesus , porém , e Suas breves e serenas palavras de ordem , aquietam o tumulto , frustrando-lhes os desígnios . NEle reconhecem poder superior a toda terrena autoridade , e , sem uma réplica , submetem-se .
Quando a sós , Jesus “ subiu ao monte para orar à parte ”. Durante horas continuou a suplicar perante Deus . Não por Si mesmo , mas pelos homens , eram aquelas orações . Rogava poder para revelar aos mesmos o divino caráter de Sua missão , a fim de que Satanás não lhes cegasse o entendimento e pervertesse o juízo . O Salvador sabia que Seus dias de ministério pessoal na Terra em breve chegariam ao termo , e que poucos O receberiam como seu Redentor . Em angústia e lutas de alma , orava pelos discípulos . Haviam de ser duramente provados .
Suas esperanças , tão longamente acariciadas , baseadas numa ilusão popular haviam de lhes trazer a mais dolorosa e humilhante decepção . Em lugar de Sua exaltação ao trono de Davi , haveriam de testemunhar-Lhe a crucifixão . Essa deveria , na verdade ser Sua coroação . No entanto , não o percebiam e , em conseqüência , grandes seriam as tentações a sobrevirem-lhes , as quais difícil lhes seria reconhecer como tentações . Sem o Espírito Santo para iluminar a mente e ampliar a compreensão , a fé dos discípulos faleceria . Penoso era a Jesus ver que o conceito deles quanto a Seu reino se limitasse , em tão grande parte , ao engrandecimento e honra mundanos . Oprimia-O o peso da preocupação por eles , e derramava Suas súplicas com amarga angústia e lágrimas . Os discípulos não partiram imediatamente , segundo as instruções de Jesus . Esperaram algum tempo , na expectativa de que Ele Se lhes viesse juntar . Ao verem , porém , que as trevas se adensavam rapidamente , “ entrando no barco , passaram o mar em direção a Cafarnaum ”.
Com o coração insatisfeito , deixaram a Jesus , mais impacientes com Ele do que nunca , desde que O tinham reconhecido como Seu Senhor . Murmuravam por não lhes haver sido permitido proclamá-Lo rei . Acusavam-se por terem tão prontamente submetido às Suas ordens . Raciocinavam que , houvessem sido mais persistentes , e teriam talvez conseguido o seu desígnio . A incredulidade se estava apoderando de seu espírito e coração . Cegava-os
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