O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 249

o amor da honra . Sabiam que Jesus era odiado pelos fariseus , e estavam ansiosos por vê- Lo exaltado como pensavam que devia ser . Estarem ligados a um mestre que podia operar tão grandes milagres , e ainda serem injuriados como enganadores , era provação que mal podiam suportar . Deveriam ser sempre considerados seguidores de um falso profeta ? Não haveria Cristo nunca de afirmar Sua autoridade como rei ? Por que não havia Ele , que possuía tal poder , de revelar-Se em Seu verdadeiro caráter e tornar-lhes a eles o caminho menos penoso ?
Por que não salvara João Batista de uma morte violenta ? Assim raciocinavam os discípulos , até que trouxeram sobre si mesmos grande treva espiritual . Perguntavam : Poderia ser Jesus um impostor , como afirmavam os fariseus ? Os discípulos haviam testemunhado naquele dia as maravilhosas obras de Cristo . Dir-se-ia que o Céu baixara à Terra . A lembrança daquele dia precioso , glorioso , devera tê-los enchido de fé e esperança . Houvessem , da abundância de seu coração , estado a conversar entre si a respeito dessas coisas , e não teriam caído em tentação . Sua decepção , porém , lhes absorvera os pensamentos . Esqueceram-se das palavras de Cristo : “ Recolhei os pedaços que sobejaram , para que nada se perca .” Foram horas de grandes bênçãos para os discípulos , aquelas , mas tudo esqueceram . Achavam-se em meio das turbadas águas . Tinham os pensamentos tempestuosos e desarrazoados , e o Senhor lhes deu alguma coisa mais para lhes afligir a alma e ocupar a mente . Deus assim faz muitas vezes , quando os homens criam preocupações e aflições para si mesmos .
Os discípulos não tinham necessidade de criar perturbação . Já se avizinhava o perigo . Violenta tempestade se viera imperceptivelmente aproximando deles , e não estavam preparados para ela . Era um súbito contraste , pois o dia fora perfeito ; e , quando o vento soprou sobre eles , atemorizaram-se . Esqueceram o aborrecimento , a incredulidade e impaciência . Todos trabalharam para impedir que o barco fosse a pique . Era pequena a distância , por mar , de Betsaida para o ponto em que esperavam encontrar-se com Jesus , e com um tempo normal não levava senão poucas horas ; agora , porém , eram tangidos cada vez mais longe do local que buscavam . Até a quarta vigília da noite , lutaram com os remos . Então , deram-se por perdidos . O mar , tempestuoso , imerso em trevas , fizera-os sentir seu desamparo , e anelavam a presença de seu Senhor .
Jesus não os esquecera . O Vigia vira , da praia , aqueles homens possuídos de temor , em luta com a tempestade . Nem por um momento perdeu de vista aos discípulos . Com a mais profunda solicitude acompanhavam Seus olhos o barco , sacudido pela tempestade , com sua preciosa carga ; pois esses homens deviam ser a luz do mundo . Como a mãe amorosa a velar o filho , assim cuidava dos discípulos o compassivo Mestre . Rendidos os corações , acalmadas as ambições profanas , e pedindo eles humildemente auxílio , este lhes foi dado . No momento em que se julgavam perdidos , o clarão de um relâmpago revela-lhes um misterioso vulto que deles se aproxima , vindo sobre as águas . Não sabem , todavia , que
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