O Desejado de Todas as Nacões por Ellen G. White 1 | Page 136

Os cegos iam às apalpadelas , abrindo caminho entre a multidão ; doentes de todas as classes , alguns buscando conseguir por si mesmos passagem , outros conduzidos pelos amigos , comprimiam-se , todos ansiosos de chegar à presença de Jesus . A voz do poderoso Médico penetrava o ouvido surdo . Uma palavra , um toque de Sua mão , abria os olhos cegos à contemplação da luz do dia , das cenas da natureza , do rosto dos amigos e do semblante do Libertador . Jesus repreendia a moléstia e expulsava a febre . Sua voz chegava aos ouvidos dos moribundos e erguiam-se com saúde e vigor . Paralisados possessos obedeciam-Lhe a voz , desaparecia-lhes a loucura , e O adoravam . Ao mesmo tempo que lhes curava as doenças , ensinava o povo . Os pobres camponeses e trabalhadores evitados pelos rabis como imundos , rodeavam-nO de perto , e Ele lhes dizia as palavras de vida eterna . Assim se passou o dia , os discípulos de João vendo e ouvindo tudo .
Por fim Jesus os chamou a Si , pediu-lhes que fossem , e dissessem a João o que haviam testemunhado , acrescentando : “ Bemaventurado é aquele que se não escandalizar em Mim .” A prova de Sua divindade mostrava-se na adaptação da mesma às necessidades da humanidade sofredora . Sua glória revelava-se na complacência que tinha para com nossa baixa condição . Os discípulos levaram a mensagem , e foi o suficiente . João recordou a predição concernente ao Messias : “ O Senhor Me ungiu , para pregar boas-novas aos mansos ; enviou-Me a restaurar os contritos de coração , a proclamar liberdade aos cativos , e a abertura de prisão aos presos ; a apregoar o ano aceitável do Senhor ”. Isaías 61:1 , 2 .
As obras de Cristo não somente manifestavam que Ele era o Messias , mas mostravam a maneira por que Seu reino havia de ser estabelecido . A João revelara-se a mesma verdade que se desvendara a Elias no deserto : “ um grande e forte vento [...] fendia os montes e quebrava as penhas diante da face do Senhor ; porém o Senhor não estava no vento ; e depois do vento um terremoto ; também o Senhor não estava no terremoto ; e depois do terremoto um fogo ; porém também o Senhor não estava no fogo ” ( 1 Reis 19:11 , 12 ); e depois do fogo o Senhor falou ao profeta por uma voz mansa e delicada . Assim Jesus devia fazer Sua obra , não com o choque das armas , nem a subversão de tronos e reinos , mas falando ao coração dos homens por uma vida de misericórdia e sacrifício . O princípio da própria vida do Batista , a abnegação , era o princípio do reino do Messias . João bem sabia quão estranho era tudo isso aos princípios e esperanças dos guias de Israel .
Aquilo que para ele era convincente testemunho da divindade de Cristo , não seria prova nenhuma para eles . Estavam aguardando um Messias que não fora prometido . João viu que a missão do Salvador só podia receber deles ódio e condenação . Ele , o precursor , não estava senão bebendo do cálice que o próprio Cristo havia de esgotar até às fezes . As palavras do Salvador : “ Bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em Mim ”, eram uma branda repreensão a João . Não foi em vão para ele . Compreendendo mais claramente agora a natureza da missão de Cristo , entregou-se a Deus para a vida e para a morte , segundo melhor conviesse aos interesses da causa que amava . Depois da partida dos
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