NUNC - Revista Cultural 1 | Page 12

o bom começo

solo de

Tim Bernardes

“Recomeçar”,

Líder do grupo autointitulado power-trio rocknroll-pop-experimental-paulista (O Terno), Tim Bernardes se lançou na aventura de compor um disco solo aos 26 anos. Em 13 faixas, “Recomeçar” funde tristeza, amadurecimento e beleza numa reflexão sobre rupturas, mas de uma “perspectiva existencial de se descobrir no mundo sem se pautar pelo outro”, nas palavras do próprio Tim.

No mais novo álbum d’O Terno, “Melhor Do Que Parece” (2016), Tim também foi o letrista e deu voz ao romantismo melancólico em algumas das faixas, como “Volta” e “Depois que a dor passar”. Em seu disco solo, no entanto, as músicas esquecem a melodia pop feliz para se entregar à intimidade do microfone alto com a voz baixinha, acompanhada pelo piano e pelo violão – formato que o Tim já havia apresentado em shows nos Estados Unidos. Por ter um tom mais pessoal e individual, “Recomeçar” garante ao artista uma maior exposição; e ao público uma forma de encarar o mundo através dos olhos de alguém que realmente sofreu o fim de um relacionamento durante o processo de produção do álbum.

A solidão frente ao que acaba, entretanto, não se restringe ao plano amoroso – se estende também ao nacional e ao pessoal. Na música “Tanto Faz”, Tim toca em questões como a desilusão com a estrutura controversa que sustenta o Brasil, revelando um sentimento revoltante de impotência e decepção, ilustrada nos versos “Vai ter Copa, vai ter Carnaval / Mas continua errado”. Pensando também em sua vida pessoal, Tim leva ao álbum a sua despedida da casa dos pais e o início da vida morando sozinho, iniciativa apoiada pela figura paterna, Maurício Pereira, também músico e integrante d’Os Mulheres Negras. Na faixa “Quis Mudar”, existe essa ideia da busca por mais e do adeus à zona de conforto; a tudo que já lhe facilmente pertencia. São todas formas diferentes de solidão e, para Tim, fazer música sobre elas seria “um jeito de lidar com a fossa”.

Vocalista da banda paulista O Terno lança seu primeiro álbum independente em 2017

Yara Guerra

Filho de peixe, peixinho é

Martim Bernardes é, além de um músico promissor, filho de Maurício Pereira, integrante do grupo Os Mulheres Negras. Nos anos 80, junto a André Abrujama, Maurício fundou a banda e lançou álbuns cultuados até hoje.

Eventualmente, Maurício e Tim fazem shows com o duo “Pereirinha & Pereirão”, em um formato que explora mais a música regional.