Goiânia, Janeiro / Fevereiro de 2018
APRENDENDO COM ESSE CAPELLI
PAUSA
A pressa irracional que faz movimentar os
homens no mundo de hoje, (levando-os, não
raramente, ao desequilíbrio, aos tropeços, er-
ros e, algumas vezes, ao desespero) é em
síntese, o desprezo ao valor efetivo da
PAUSA, que oferece a quem a valoriza,
momentos de reflexão para encontrar o
melhor caminho a ser trilhado. Para trazer os
irmãos à reflexão, e a um clima de razão,
oferecemos a seguir algumas considera-ções a
respeito da PAUSA.
- Na inquietação que a pressa leva o ho-
mem, é bom refletir sobre o valor da
PAUSA, que até na partitura musical,
oferece momento para valorizar a músi-
ca.
-Nos momentos de tropeço, na caminhada
da vida, é bom e racional valer-se da
PAUSA, para avaliar onde está o erro e a
melhor solução para o momento.
-Quando a pressa e a irreflexão levar ao
erro, quanto aos semelhantes, é judicioso
fazer uma PAUSA para evitar o revide
odioso que pode trazer, a quem dela se
vale, a nocividade do ódio do agressor.
-Nos momentos de dor e mazelas do cor-
po, antes da irresignação contra o meio e
as pessoas, é bom usar a virtude da
PAUSA para avaliar a verdadeira causa
da mazela sofrida.
-Quando da investida do cobrador, refe-
rente às dívidas contraídas, é prudente
usar a sabedoria da PAUSA para avaliar
onde está a fraqueza e o erro da contração
da dívida, que sempre se atrela a ambição
ou desejo irracional de obter o supérfluo,
o inútil e o que, muitas vezes, é desneces-
sário.
-Quando a dúvida, o medo ou a insegu-
rança te levar à encruzilhada dos cami-
nhos da vida, é momento de valer-se da
sabedoria da PAUSA para avaliar e valo-
rizar a experiência dos mais velhos e
mais vividos sobre o caminho a ser esco-
lhido e trilhado.
-Por fim, valorize a PAUSA para frear a
pressa irracional, a ambição desmedida,
a teimosia obstinada e colocar em prática
o preceito evangélico de:
“Perdoar os inimigos e orar pelos que te
perseguem”.
“Amar a DEUS sobre todas as coisas e
ao próximo como a ti mesmo”.
Nos momentos de inquietações e de dúvi-
das usa a sabedoria da PAUSA, aquieta-te, ora
e, certamente, te será oferecido o conforto da
LUZ e da RAZÃO.
ENTREVISTA COM DIVALDO
Entrevista concedida por Divaldo Franco à revista
Direito e Espiritualidade, em 18.10.2016.
Divaldo, a tecnologia teve forte avanço no século 20.
Seria o século 21 o do impulso para o progresso da ética?
— Sem dúvida, o século passado pode ser considerado o
mais notável dos últimos tempos, em razão das conquistas
ímpares da ciência e da tecnologia. Ampliaram-se os hori-
zontes do Universo, penetrou-se nas micropartículas,
decifraram-se vários enigmas que aturdiam o indivíduo, as
comodidades multiplicaram-se, a longevidade humana
tornou-se possível e o homem assim como a mulher pare-
ceram haver triunfado sobre a ignorância e os limites do
conhecimento. Nada obstante, os conflitos emocionais
multiplicaram-se, os sentimentos desceram a níveis dantes
não alcançados, as dores tornaram-se mais severas e a paz
interna cedeu lugar às inquietações e angústias. Afirmam os
Benfeitores espirituais que o atual será o século do amor, da
ética, do retorno aos valores morais ora desprezados, que a
cultura e a civilização aplicaram milênios para os estabe-
lecer, sem que houvessem prevalecido. O ser humano anela
pela paz e teme amar, considerando-se descartável pela
moderna cultura superficial e de rápido olvido. Nesse senti-
do, o Espiritismo oferece uma contribuição valiosa, com as
suas seguras diretrizes a respeito da imortalidade da alma,
das comunicações espirituais, da reencarnação e da necessi-
dade de viver-se com elevação a existência, que é bênção de
Deus para o processo da evolução, da plenitude.
A todo momento vivemos “conectados” e não conse-
guimos nos desligar do mundo virtual. O ser humano está
à beira de uma saturação tecnológica? Ela prejudica
nossa espiritualização?
— O homem é a medida de todas as coisas, das coisas
que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não
são, acentuou o filósofo Protágoras, quase 500 anos a. C.
Desse modo, ele cria os condicionamentos e os desfaz à
medida que evoluciona, crescendo na horizontal da inteli-
gência, nem sempre com a correspondência do sentimento
que é a grande vertical da verdade. É o que vemos na atua-
lidade. Após haver criado com alta tecnologia as máquinas e
até mesmo o cérebro artificial, vem-se tornando escravo das
suas exigências. Estamos no auge da comunicação virtual e
uma grande parte da sociedade encontra-se “conectada”
nesse mundo, perdendo as excelentes oportunidades da con-
vivência pessoal. É, sem dúvida, um momento embaraçoso
e grave, porque o individualismo toma-lhe conta e o exaure
com o excesso de informações rápidas e sem grande sen-
tido. Logo, como já vem ocorrendo, surge a “saturação
tecnológica", a falta de objetivo psicológico na existência,
provocando a solidão avassaladora que culmina nos trans-
tornos de várias denominações, inclusive, a depressão. Nos
relacionamentos humanos são valiosos os contatos físicos,
as emoções que produzem hormônios especiais na convi-
vência, o abraço, a caricia... que ainda não podem ser
virtuais. Como consequência, dificulta a espiritualização do
ser. Nada obstante, conforme o uso que se pode fazer dessa
valiosa contribuição, torna-se veículo de divulgação do
bem, invitando os seus aficionados à reflexão, ao conhe-
cimento de valores humanos que jazem adormecidos ou já
se encontram esquecidos. Tudo, portanto, depende do uso
que se dê.