Ninguém nasce mulher, torna-se 1 | Page 4

O feminismo relaciona-se com a política num sentido mais amplo, já que é uma luta social pela igualdade de direitos. Mulheres que se reúnem para protestar, debater ou estudar e pensar em soluções para a desigualdade de gênero estão participando da política, mesmo que indiretamente.

Na última década a visibilidade da mulher no campo político avançou, já que o número de mulheres eleitas para cargos políticos aumentou significativamente. Os direitos da mulher passaram a ser tema de quase todos os discursos eleitorais. Algumas políticas mulheres formaram a “bancada feminina”, conseguiram aprovar 30 emendas sobre os diretos das mulheres, abrangendo muitas reivindicações do feminismo.

Mesmo com esses avanços consideráveis, ainda existem inúmeros problemas relativos à participação da mulher na política. Ainda há muitos direitos a serem conquistados no âmbito político. Na atual conjuntura conservadora do Brasil e do mundo, os movimentos sociais acabam sendo desprezados e, consequentemente, as conquistas políticas das mulheres acabam sofrendo um grande retrocesso.

Os países onde a igualdade de gênero é mais avançada são Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia. O Brasil ocupa a 79ª posição do índice global, entre os 144 países avaliados, devido à falta de participação econômica e política. Dados divulgados pela União Inter-Parlamentar indicam que de um total de 190 países, o Brasil ocupa a 116ª posição no ranking de representação feminina no Legislativo. A média do Oriente Médio (taxa de participação feminina de 16%) ficou acima do Brasil. Pelo ritmo anual, seriam necessários 82 anos para que as mulheres alcançassem a mesma presença política que os homens, afirma o estudo do Fórum Econômico Mundial.

O mesmo país que alguns anos atrás elegeu a primeira mulher presidente também a retirou do poder usando argumentos e ofensas sexistas. Mais que isso: muitas atitudes da presidente eram vistas como “autoritárias”, ela era vista como “dura”, “séria”, “fechada”, porém essas mesmas atitudes não seriam criticadas em um político do sexo masculino.

Várias reivindicações do movimento feminista tornam-se projetos de leis e programas de governo. Um exemplo disso é a criação da Lei Maria da Penha, que procura proteger as vítimas e punir os agressores da violência contra a mulher. Cerca de um quarto das mulheres afirma já ter sofrido agressões ou ameaças físicas.

Ainda há a falta de políticas públicas que incentivem a participação feminina na política.

A Lei 9.504/1997 determina que “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”, O que garantiria uma cota mínima de mulheres candidatas para os cargos proporcionais. Porém, na última eleição, a regra foi desrespeitada (apenas 13% dos candidatos eram mulheres).

GÊNERO, FEMINISMO E POLÍTICA

4