Paulo Simões Rodrigues da Universidade de Évora - devo à
sua insistência ter apresentado a candidatura. De modo que o
meu conselho é este: participem, arrisquem, confiem no olhar
alheio...
2. Os vencedores do PFMP recebem uma compensação
monetária no valor de €8.000, a publicação da dissertação
e ainda a oportunidade de ir a um dos Encontros anuais da
AULP para receber o prémio. Que efeitos terão estas opor-
tunidades na sua vida, a nível pessoal e profissional?
Fátima (PFMP2014) - Em termos profissionais, estou con-
vencida que vencer este prémio, cuja candidatura é avaliada
por um júri internacional composto por académicos do mais
alto nível da comunidade de língua portuguesa, produz efeitos
positivos sobretudo porque valoriza o curriculum do vence-
dor e permite-lhe publicar o seu trabalho e promove-lo inter-
nacionalmente através de uma edição oferecida pelo Instituto
Camões que constitui uma das instituições que melhor repre-
senta a língua portuguesa no mundo.
Em termos pessoais, a compensação monetária do Prémio
é, obviamente, muito gratificante. E para quem, como eu, se
sente muito feliz e realizada a investigar, ela contribui para
suportar algumas despesas necessárias à tão dispendiosa ativi-
dade de pesquisa que continuo a desenvolver e para a qual não
é sempre possível encontrar apoios.
Ainda em termos pessoais, vencer este prémio teve um
significado muito especial para mim tendo em conta o que ele
representa. O PFMP galardoa um trabalho que contribui para a
aproximação das comunidades de língua portuguesa. Vencê-lo
com uma tese de doutoramento centrada na interpretação de
percursos de vida de antigos combatentes das Forças Armadas
Portuguesas que lutaram na Guerra (1961-1974) travada entre
o Portugal colonial e países africanos que dele se queriam lib-
ertar, foi, para mim, muito relevante: por um lado, porque a
visibilidade conferida por este prémio permite dar a conhecer
o que significou esta Guerra para muitos daqueles que nela
combateram e, de algum modo, prestar homenagem a todos os
que sofreram e continuam a sofrer os efeitos deste conflito; por
outro lado, porque acaba por reconhecer que a guerra, embora
seja uma realidade inquestionavelmente cruel, pode também
ser um lugar no qual e/ou a partir do qual se podem criar refer-
ências comuns que, embo ra não anulem, nem curem os males
que gerou, podem ser criadoras de aproximações entre os que,
direta ou indiretamente, sofreram e/ou continuam a sofrer as
consequências devastadoras deste tipo de conflito.
a única biblioteca é muito simples, e o custo de ficar indo
a Lisboa é proibitivo de modo que comprei imediatamente
uma porção de livros de que precisava há anos. Gostava de
viajar, adorava umas férias! Queria aproveitar para conhec-
er Cabo Verde e Angola, onde nunca estive! Mas já sei que
provavelmente o prémio irá financiar o meu próximo livro,
que sai ainda este ano, sobre a influência de dois diplomatas
portugueses no estabelecimento de algumas instituições cul-
turais brasileiras no início do século XIX. Se tivesse um zero
a mais, abria logo aqui mesmo um Centro de Investigação
dedicado a aprofundar o conhecimento sobre estes últimos
anos “ a grande familia portuguesa dos dois lados do Atlân-
tico” como dizia em princípios de 1822 um Deputado bra-
sileiro às Cortes de Lisboa. Ainda há tanto a fazer!!
3. Enquanto vencedora do prémio, teve oportunidade
de ir ao XXVII Encontro da AULP, em Campinas (Bras-
il). Que balanço faz da sua participação no Encontro?
Fátima (PFMP2014) - O balanço não podia ser melhor.
Foi um encontro muito enriquecedor acima de tudo por ter
privado com diversas pessoas com origens e formações mui-
to diversas, entre as quais as minhas ilustres colegas Kamila
Rodrigues e Patrícia Telles - vencedoras dos PFMP 2015 e
2016 respetivamente. Deste modo, este encontro propor-
cionou-me uma oportunidade única para trocar impressões
e experiências e até para pensar em projetos futuros com al-
guns dos colegas presentes.
Kamila (PFMP2015) - A atribuição do prémio de vários
anos na mesma conferência foi uma excelente ideia porque
assim tive a oportunidade de conhecer as vencedoras de
outros anos, trocar ideias e inclusive planear futuras colabo-
rações. Além disso, foi ótimo dormir quatro noites seguidas,
que não é muito fácil quando se tem uma criança pequena!
Patrícia (PFMP2016) - Foi extremamente interessante.
Fiquei impressionada com a quantidade de membros, com
a qualidade das apresentações e com o profissionalismo da
organização. Só tenho a agradecer! Mesmo com uma pro-
gramação intensa, deram-nos a oportunidade de conhecer
pessoas fascinantes num ambiente muito simpático: profes-
sores e reitores de universidades portuguesas e africanas,
a UNICAMP, as outras vencedoras. Gostava de conseguir
manter contacto com todos aqueles que conheci e voltar a en-
contrar aqueles com os quais pouco conversei! Queria apenas
reiterar a minha gratidão e colocar-me à inteira disposição da
Kamila (PFMP2015) - Este prémio foi muito importante AULP para aquilo que possam precisar.
para mim porque recebi a notificação de que tinha ganho quan-
do estava a concorrer para uma posição permanente como pro-
fessora na Universidade de Leiden e julgo que o prestígio deste
prémio e a futura publicação da tese contribuiram para que con-
seguisse o lugar. Ainda não pensei o que fazer com o dinheiro
mas poderei vir a fazer uma viagem a um país de língua portu-
guesa para iniciar novas pesquisas. A presença na conferência
permitiu-me conhecer pessoas interessantes.
Patrícia (PFMP2016) - Foi uma ajuda fantástica, um ver-
dadeiro milagre! Ajudou-me imenso pois logo a seguir tive
um grave problema de saúde que imobilizou-me por dois me-
ses, mas mesmo que não tivesse ocorrido esse problema teria
sido muitíssimo bem-vindo! Moro numa cidade pequena, onde
17