My first Magazine jun 1 | Page 11

Talvez certas coisas bão tenham sido feitas para erem ditas. Não sei se acontece com todo mundo, mas escrevo muito melhor do que falo. Admiro as pessoas que conseguem articular com clareza as ideias, porque a única coisa que saem da minha boca são gaguejadas engraçadas. Minha língua se enrola nas palavras que tento conter e acabo me engasgando. Tenho medo de acabar soltando o que sinto de verdade, de mostrar o que (ou quem?) mora em mim. Talvez certas coisas não foram feitas para serem ditas, e essas são as coisas que escrevo. O engraçado é que me sinto distanciada das coisas que ponho à tinta porque penso que não estão atreladas à minha pessoa. Qualquer um que vir o que está escrito não poderá me identificar em cada letra (afinal, será que sou eu quem escreve isso, ou uma pessoa muito mais profunda que nunca realmente existiu redige por mim?). O mais curioso é que as coisas que libero no papel em geral são muito mais pessoais e íntimas do que as coisas que falo (esse texto em si é uma viagem de descobertas incompreensível). Meu medo de ver a reação dos outros ao ouvir o que digo me faz escrever.

Como se não fosse afetar tanto a pessoa que lê. Mas me pergunto se é possível não se deixar afetar por palavras sinceras e tão brutas que rasgam minha carne para sair da tinta. Sou uma confusão ambulante que tem medo dos outros. Que tem medo de mim. Espero um dia encontrar uma maneira de unificar duas partes minhas que tanto se distanciam. Descobrir a sequência certa de palavras que, ao sair da minha boca, liberará aliviada todo o peso ao qual meu coração se atém. No entanto, não sei dizer se tal milagre sequer existe, já que todos nós humanos estamos condenados a não entendermos uns aos outros completamente, feitos de maneira a viver nesse mar de confusão em uma incansável busca em entender a nossa própria essência. É tudo isso que faz de todos nós pequenos peixes que são levados pela correnteza profunda, sem saber ao certo aonde vamos e de onde viemos. Mas afinal, qual seria a graça da vida se soubéssemos onde estamos? Essa é uma das coisas que não deve ser dita, e talvez nem escrita, mas sentida.

- Joy

Como se não fosse afetar tanto a pessoa que lê. Mas me pergunto se é possível não se deixar afetar por palavras sinceras e tão brutas que rasgam minha carne para sair da tinta. Sou uma confusão ambulante que tem medo dos outros. Que tem medo de mim. Espero um dia encontrar uma maneira de unificar duas partes minhas que tanto se distanciam. Descobrir a sequência certa de palavras que, ao sair da minha boca, liberará aliviada todo o peso ao qual meu coração se atém. No entanto, não sei dizer se tal milagre sequer existe, já que todos nós humanos estamos condenados a não entendermos uns aos outros completamente, feitos de maneira a viver nesse mar de confusão em uma incansável busca em entender a nossa própria essência. É tudo isso que faz de todos nós pequenos peixes que são levados pela correnteza profunda, sem saber ao certo aonde vamos e de onde viemos. Mas afinal, qual seria a graça da vida se soubéssemos onde estamos? Essa é uma das coisas que não deve ser dita, e talvez nem escrita, mas sentida.

- Joy

Talvez certas coisas bão tenham sido feitas para erem ditas. Não sei se acontece com todo mundo, mas escrevo muito melhor do que falo. Admiro as pessoas que conseguem articular com clareza as ideias, porque a única coisa que saem da minha boca são gaguejadas engraçadas. Minha língua se enrola nas palavras que tento conter e acabo me engasgando. Tenho medo de acabar soltando o que sinto de verdade, de mostrar o que (ou quem?) mora em mim. Talvez certas coisas não foram feitas para serem ditas, e essas são as coisas que escrevo. O engraçado é que me sinto distanciada das coisas que ponho à tinta porque penso que não estão atreladas à minha pessoa. Qualquer um que vir o que está escrito não poderá me identificar em cada letra (afinal, será que sou eu quem escreve isso, ou uma pessoa muito mais profunda que nunca realmente existiu redige por mim?). O mais curioso é que as coisas que libero no papel em geral são muito mais pessoais e íntimas do que as coisas que falo (esse texto em si é uma viagem de descobertas incompreensível). Meu medo de ver a reação dos outros ao ouvir o que digo me faz escrever.

São Paulo, 03/12/2017

Caro garoto da escada,

talvez eu esteja ficando louca, completamente louca, como Alice no País das Maravilhas, mas sinto que era pra ser diferente. Era pra ser completamente diferente disso.

Eu não sei, não faço ideia, de como funciona o destino, não sei se quer se ele existe, então por quê? Por que me pego tantas vezes pensando, que seria tudo completamente diferente, se por 3 segundos, por míseros 3 segundos, eu tivesse prestado atenção em você?

Era um dia de verão, eu acho, não sou boa com estações do ano. 3 de fevereiro, 3º dia de aula, o 3º dia de expectativas quebradas. Príncipes encantados, amor verdadeiro, alma gêmea, essas coisas não existiam, e 2º colegial não seria nada do que eu tinha esperado, eu começava a me convencer disso.

Todos dizem que o amor, a pessoa, sua pessoa, surge quando se menos espera. Talvez seja esse o problema, naquele momento, naqueles míseros segundos, eu não estava esperando. Não esperava cair nas escadas no 3º dia de aula. Foi quando você surgiu.

Mas então eu caio, todos os olhos se voltam diretamente para aquela garota qualquer. Inclusive os seus. E com meus joelhos doendo pelo impacto, eu levanto ignorando a dor, e continuo descendo as escadas.

Uma voz, não uma voz qualquer, a sua voz, me pergunta se está tudo bem.

Então é aqui, que o meu maior erro entra, eu devia ter levado alguns segundos a mais, eles seriam o suficiente. Porém, envergonhada, e surpresa, pois gentileza é algo raro, infelizmente, e respondo um “T-tá tt-tudo bem, obrigada”, rápido e gaguejando, e continuo a descer.

Eu não agradeci o suficiente, eu não prestei atenção nos seus olhos azuis, eu não fiz nada, e devia ter feito. Talvez fosse você, o cara, o cara certo. O destino tentou me ajudar, mas eu desperdicei isso, então fico imaginando em todas infinitas possibilidades, se por alguns segundos a mais, eu tivesse falado com você, e prestado atenção, nos seus olhos azuis.

Talvez você não saiba, mas o arrependimento bateu no mesmo instante, assim que eu desci aquelas escadas. Era você, eu podia sentir, e eu tinha jogado isso fora. Então por dias e meses a fio, eu te procurei, mas como procurar um cara, sobre o qual só me recordava pouca coisa. Tinha intensos olhos azuis, cabelo claro, e era gentil. Não me lembro da sua voz, nem do formato de seu rosto, já os seus olhos, estes espero não esquecer.

10 meses se passaram, e por mais infantil que seja, continuo a te procurar, te idealizar.

Gosto de pensar que talvez você também esteja me procurando, mas é ridículo pensar, que o garoto dos olhos azuis, estaria procurando pela garota, aquela que caiu na escada, e mau lhe agradeceu, no 3º dia de aula.

Pra você, não sou ninguém, e pra mim, você é o que poderia ter sido uma história, nossa história, um “Nós”, em meio a uma multidão de não gentilezas. Um “Nós” graças aos truques do destino.¬¬

Mas não existe isso, não existe um nós, e culpa, é minha.

Talvez eu tenha lido clichês demais. Tantos clichês que me imagino te vendo novamente, um sonho no qual nós nos reconhecemos instantaneamente, no qual digo:

“Estive te procurando este tempo todo”

E você responde

“Eu também”

Violet