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 tuada. E ao qual continuamos a habituá- -la. Agora a população abriga-se nas casas que resistiram, nas imediações daquelas que foram as suas casas, e só se pode pensar no problema mais imediato, (são tantos e para tanta gente), no proble- ma que há a enfrentar hoje. Porque o problema que se verificará dentro de meses, quando for tempo de colher o que não ficou para colher, e de comer o que não há para comer, não encontra ainda espaço na agenda da resolução dos problemas. A Helpo trabalha em Moçambique des- de 2008, e conhece o sistema educativo por dentro e por fora; dos professores e diretores das escolas até aos repre- sentantes ministeriais nas províncias; os problemas dos alunos enquanto alunos; as suas aspirações e a longa lista de obstáculos que se apresentam entre elas e o seu alcance. Conhece a expressão da resignação, da ausência de sonhos, da repetição das vidas dos pais, mães e avós dos alunos que hoje se sentam ora no chão, para aprender, ora nas secretárias das salas de aula que vamos construindo. Agora, um ciclone, dois ciclones, vieram mostrar-nos outra coisa, outro mundo dentro do mun- do: o rosto do desespero, da fome, do desamparo e o peso da obrigatorieda- de de responder a quem conhecemos e não conhecemos, com aquilo que sabe- mos e podemos fazer. No dia 19 de Março, 4 dias após o ci- clone Idai e quando as notícias das suas consequências começaram a ser conhecidas, a equipa da Helpo reuniu, mergulhou num exercício exaustivo de análise de recursos financeiros, huma- nos, de apoio logístico no terreno e de dimensão de danos que poderíamos contribuir para reparar, chegámos a uma conclusão que nos impeliu ime- diatamente à ação: identificámos um parceiro, ainda totalmente isolado, que tinha conseguido preservar uma estru- tura hospitalar, que tinha condições