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 ESPECIAL FUTUROS PRESIDENTES Na manhã do sétimo dia no terreno, tínhamos no menu a visita a cinco cen- tros de intervenção espalhados por três aldeias, Mahunha, Ilocone e Munima- ca, todos na província de Nampula. A recepção em Mahunha foi de antologia: mães, pais, professores, anciãos e crian- ças mais velhas, todos em fila, começa- ram a cantar uma canção de boas-vin- das, acompanhada de palmas e bater do pé. De seguida, apertámos as cerca de 40 mãos direitas que se estenderam. Debaixo de uma cobertura com cadei- ras para nós, bancos para os homens e esteiras para as mulheres e crianças, o professor Acácio fez as apresentações e leu um relatório. Novo dia, novo destino: Ilha de Moçam- bique, o paraíso para quem aprecia a patine da decadência arquitectónica e uma vivência simples, suada e salga- da. Aqui entrevistámos três crianças com uma jinga fora do normal. Julinho é um rapaz de 14 anos, que tem um smartphone e quer ser arquiteto. No decorrer da conversa diz que aprecia o trabalho de José Forjaz, autor de vários projetos no país, incluindo a casa da sua Tia Clara, que vive em Maputo e apa- drinhou Julinho. Falámos também com Nuhi, 15 anos, outro candidato a arqui- teto, apadrinhado por duas madrinhas da Helpo. Tanto Nuhi como Julinho têm postais desenhados por si à venda numa loja local. Passado mais um domingo sem en- trevistas, chegamos ao décimo dia da nossa viagem. De manhã fomos ver Inês Faustino, Josefina Marau e Jacinta Gonçalves darem formação aos ani- madores Helpo. Aconteceu numa sala da Biblioteca Provincial, onde a ONGD apoia a ludoteca. A biblioteca tem o nome e a fotografia de Marcelino dos Santos, poeta e fundador da FRELIMO, que lembra Mr. Miyagi, do filme Karate Kid. Os animadores são professores que identificam as necessidades dos alunos, canalizam apoios e os ajudam a escre- ver as cartas aos padrinhos. De Josefina é preciso dizer que faz um salame im- provisado de Nesquick, que põe muitos doceiros num chinelo. Quanto a Jacinta Gonçalves, é uma designer reformada que está a meio do seu voluntariado de dois anos. Como qualquer voluntário, Jacinta é pau para toda a obra e para tudo o que sobra, dá formação de prá- ticas pedagógicas, estimula as crianças do infantário com jogos e leituras, orga- niza o material didático, vai a aulas de kizomba e dá show nas pistas de dança. À tarde, virámos outra esquina em Nampula e fomos visitar o Infantário Provincial. Adelina Pascoal, ex-freira e Diretora, recebeu-nos. Atualmente, este orfanato tem cerca de trinta crianças, mas tem capacidade para cinquenta. Enquanto falámos com algumas delas, Elvis, um bebé que foi tirado à mãe al- coólica quando tinha 2 anos e 3 quilos, estava a acordar no seu berço, atento ao que o rodeava. No ultimo dia do trabalho de campo, visitámos a Escola Primária Completa de Matibane, a trinta quilómetros de Nam- pula, no meio do mato e perto de uma linha de comboio. Foi a primeira vez que vimos uma escola com campo de futebol relvado e balizas regulamenta- res em ferro. Encontrámos também ta- belas de basquetebol, apesar da dificul- dade em ver as linhas de três pontos no meio do matagal já alto. Nesta escola, falámos com Sitónio Alfane, o primeiro estudante desta viagem a dizer-nos que quer ser maquinista quando for grande. Próxima paragem: Escola Secundária de Anchilo. Aqui conversámos com Maria Agostinho e Gérsia Mário. A primeira ti- nha 16 anos e muita vergonha, a segun- da queria ser futura professora (o dese-