Mulher Indígena: Voz e Vez na Resistência. | Page 10

PRECISAMOS FALAR SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A INDÍGENA

A violência contra mulheres indígenas é cruel e possui dados assustadores. De acordo com relatório da ONU, 1 em cada 3 mulheres indígenas são estupradas ao longo da vida, porque a violência sexual faz parte de uma estratégia para desmoralizar a comunidade e também como “limpeza étnica”. Marcia Wayna Kambeba, geógrafa e ativista, alerta: “A mulher indígena sofre vários tipos de violência. Primeiro ela sofre por ver seu povo sendo afetado, marginalizado, discriminado. Depois, ela sofre como mulher e essa violência não é só física, ela é psicológica e social também. Mulheres indígenas sofreram esterilização forçada. Mulheres e crianças são violentadas e assassinadas por pistoleiros como forma de intimidar o povo a deixar a aldeia.” Muitas indígenas têm medo de o quanto a aplicação da lei poderia desestruturar a realidade em que elas vivem e isso sempre gera muita angústia. Elas não são contra a lei, mas também não se reconhecem nela.” Conta Lívia Gimenes, advogada e autora da pesquisa ‘A construção Intercultural do Direito das Mulheres Indígenas a uma vida sem violência: A experiência brasileira’ 2017.

Unidade pela Resistência

Mais uma vez, é preciso reforçar a urgência em reconhecer e respeitar a diversidade de interesses das mulheres indígenas. Precisamos nos aproximar do cotidiano pesado vivido por tantas mulheres, mas dificilmente nos envolvemos com sua luta, pois seguimos afastados devido ao preconceito e a dificuldade de enxergar outras formas de se organizar socialmente. Novamente, se faz necessário revisar a História partindo de outras experiências, para reverter e superar o projeto brasileiro de nação hegemônica. Nisso, a educação tem a chave para uma sociedade étnico-racial com equidade de direitos.

Célia Xakriabá - Corpos-territórios na capital - Youtube

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Desconstrua já!

É bem possível que já tenha ouvido falar sobre uma avó ou bisavó que tenha sido pega no laço. Mas o que isso de fato significa? Uma das criações do colonialismo foi a do imaginário de uma mulher indígena selvagem, que necessitava ser domada e amansada. Essa visão racista colocava a mulher indígena como um animal que precisava ser laçada e domesticada. A tão falada miscigenação das raças no Brasil se deu através da violência. As mulheres indígenas foram laçadas pelos homens brancos, tiveram além do seu território, o seu corpo colonizado e violentado. Por isso essa expressão é racista e deve ser retirada do vocabulário, pois é uma lembrança cruel da violência sofrida pelos povos originários, especialmente as mulheres, pelo fato de sofrerem também pelo recorte de gênero.