34 :: H ISTÓRIA :: M ÓDULO 1
estabeleceu um rígido sistema social e moral para seus habitantes. Nada de
festas, nada de divertimentos, nada de prazeres. A vida deveria ser a mais simples
possível, pois toda diversão afastava o fiel da conduta correta.
O calvinismo e o protestantismo conquistaram muitos fiéis na França,
onde ficaram conhecidos como “huguenotes”. Mas a maioria dos franceses, e
principalmente a monarquia, permaneceu católica. Por isso, em diversas ocasiões,
houve massacres de protestantes e calvinistas. O mais famoso deles ficou
conhecido como a “Noite de São Bartolomeu”, quando 20 mil huguenotes foram
assassinados em toda a França em 1572.
A reforma anglicana
A Inglaterra não ficou de fora do movimento reformista. Porém, nesse país,
os caminhos foram diferentes. Em primeiro lugar, o clero católico inglês tinha uma
relação de maior isolamento em relação à autoridade do papa em Roma e uma
ligação estreita com a monarquia.
Na década de 1520, as boas relações entre o rei inglês Henrique VIII e o
papa começaram a mudar. Henrique VIII queria a anulação de seu casamento
com Catarina, que não lhe dera um filho, mas o papa negou o pedido. Ao mesmo
tempo, os ventos da reforma protestante de Lutero chegavam aos ingleses, que
criticavam o clero e o excesso de impostos e rendas da Igreja.
Henrique VIII, com o apoio de nobres e da burguesia, estabeleceu diversas
leis que limitaram a liberdade de atuação da Igreja Católica em seu país, até o
momento em que exigiu que o clero o reconhecesse como chefe supremo da Igreja
na Inglaterra, o que aconteceu em 1532. Com isso, concretizou-se o rompimento
com Roma. Dois anos depois, foi criada a Igreja Anglicana, tendo o rei como
autoridade máxima. Junto com o poder sobre a Igreja, vieram as terras católicas
transferidas para as mãos do monarca.
Motivada mais por razões políticas do que religiosas, a criação da Igreja
Anglicana não significou grandes mudanças em relação às regras católicas. O clero
manteve seus costumes e a estrutura religiosa permaneceu muito semelhante. Por
isso, muitos grupos da sociedade inglesa ficaram insatisfeitos com a nova Igreja,
que se parecia muito com a antiga Igreja Católica. Nos anos seguintes, esses fiéis
criaram uma série de Igrejas chamadas puritanas, duramente perseguidas pelo rei.
A reforma da Igreja Católica
Diante do surgimento das Igrejas protestantes e da perda de fiéis, a Igreja
Católica buscou meios de defender sua posição. Em documentos escritos por
membros do clero, foram identificados vários problemas que precisavam ser
enfrentados, como o abuso do poder econômico e a ignorância de muitos padres.
Durante quase vinte anos (entre 1545 e 1563), os principais líderes da Igreja
Católica se reuniram para discutir que rumos tomar. Ao final, várias regras foram
mantidas, como o celibato dos padres (proibição do casamento), as missas em
latim e a ideia de que somente a Igreja poderia interpretar a Bíblia.
Quanto à conduta dos padres, foram criados os seminários para que eles
tivessem melhor formação. Também foi determinado que os bispos teriam que
morar na região sob sua autoridade e acompanhar atentamente o trabalho de
seus subordinados junto aos fiéis. Para reforçar a fé católica, foram criadas novas
ordens religiosas dedicadas ao ensino, à predicação, à caridade e à catequese.
Nesse momento de enfrentamento entre diferentes Igrejas cristãs, a
catequização dos povos que habitavam o continente americano foi vista como
um importante meio de conquistar novos católicos e fortalecer o poder de Roma.
Por fim, a Igreja Católica buscou intensificar a vigilância sobre os católicos.
Para isso, criou uma lista de livros proibidos aos fiéis e fortaleceu o Tribunal
do Santo Ofício, encarregado de investigar denúncias de prática de outras
religiões em países católicos e de punir os hereges. Esse Tribunal passou para
a História como uma instituição extremamente violenta, que praticou a tortura
sistematicamente e foi responsável pela morte na fogueira de milhares de
pessoas não só na Europa.
No final do século XVI, a cristandade europeia, unida durante tantos séculos,
encontrava-se dividida em diferentes igrejas. Dividida e em guerra, porque o
período das reformas religiosas foi marcado por uma grande intolerância. Em
países católicos, judeus, calvinistas, luteranos e puritanos sofriam uma cruel
perseguição. Nas áreas dominadas por protestantes, era a vez dos católicos
serem reprimidos. O resultado: mais de cem anos de guerras e mortes.
:: Síntese ::
.O INÓCIO DO SÏCULO 86) AS REFORMAS RELIGIOSAS COLOCARAM
lM Ì UNIDADE CATØLICA DA %UROPA OCIDENTAL %SSE PROCESSO FOI
caracterizado:
s POR UMA CRISE DA AUTORIDADE DO CLERO CATØLICO E DA INmUÐNCIA
DO CATOLICISMO JUNTO Ì POPULA ÎO EUROPEIA
s PELO INTERESSE DOS REIS EM FORTALECER SUA AUTORIDADE DIANTE
DO PODER DO PAPA
s PELO SURGIMENTO DE DIFERENTES )GREJAS CRISTÎS NOS PAÓSES
EUROPEUS
s PELA REA ÎO DA )GREJA #ATØLICA COM O OBJETIVO DE CONSERVAR
SEU PODER
s POR UMA FORTE INTOLERÊNCIA RELIGIOSA QUE PROVOCOU MUITAS
GUERRAS NA %UROPA
Chegando ao fim...
Começamos este capítulo no século XIV, com a sociedade feudal. Acabamos
agora, no final do século XVI, com a sociedade do Antigo Regime. Foram 200 anos
de muitas mudanças para os europeus, principalmente para aqueles que viviam
em centros urbanos. Muitos novos personagens alcançaram um lugar de destaque,
como os reis absolutistas e a burguesia, mas sempre lembrando que os nobres
nunca deixaram de ocupar importantes posições.
Na nossa introdução, colocamos algumas questões sobre os europeus do
século XVI. Quem eram essas pessoas? Em que tipo de sociedade viviam e quais
eram seus valores? O que os levou a querer ocupar e dominar territórios tão
distantes?... Que tal tentar respondê-las agora? Esse é um passo importante para
que você chegue ao próximo capítulo.
Repetimos também o que indicamos no capítulo 2: é muito proveitoso fazer
uma revisão do que foi estudado, anotando as principais ideias e informações.